terça-feira, 18 de março de 2014

REVISÃO - 2ªSÉRIE - 1º BIMESTRE


PROFESSORA- REGINA MELLO
REVISÃO PARA PROVA
2ª serie 1º bimestre


                Após a Independência do Brasil, surge uma Literatura de caráter essencialmente nacional. Gonçalves Dias (1823-1864) representa a primeira geração romântica, focada numa temática de valorização dos índios como heróis e da exaltação da terra brasileira. Um exemplo disso é o poema “O Canto do Guerreiro”, que reflete linguagem usada na época e o esteriótipo indígena.
 


O CANTO DO GUERREIRO
I
Aqui na floresta
Dos ventos batida,
Façanhas de bravos
Não geram escravos,
Que estimem a vida
Sem guerra e lidar.
- Ouvi-me, Guerreiros.
- Ouvi meu cantar.
II
Valente na guerra
Quem há, como eu sou?
Quem vibra o tacape
Com mais valentia?
Quem golpes daria
Fatais, como eu dou?
- Guerreiros, ouvi-me;
- Quem há, como eu sou?
III
Quem guia nos ares
A frecha imprumada,
Ferindo uma presa,
Com tanta certeza,
Na altura arrojada
Onde eu a mandar?
- Guerreiros, ouvi-me,
- Ouvi meu cantar.
IV
Quem tantos imigos
Em guerras preou?
Quem canta seus feitos
Com mais energia?
Quem golpes daria
Fatais, como eu dou?
- Guerreiros, ouvi-me:
- Quem há, como eu sou?
V
Na caça ou na lide,
Quem há que me afronte?!
A onça raivosa
Meus passos conhece,
O imigo estremece,
E a ave medrosa
Se esconde no céu.
- Quem há mais valente,
- Mais destro do que eu?
VI
Se as matas estrujo
Co os sons do Boré,
Mil arcos se encurvam,
Mil setas lá voam,
Mil gritos reboam,
Mil homens de pé
Eis surgem, respondem
Aos sons do Boré!
- Quem é mais valente,
- Mais forte quem é?
VII
Lá vão pelas matas;
Não fazem ruído:
O vento gemendo
E as malas tremendo
E o triste carpido
Duma ave a cantar,
São eles - guerreiros,
Que faço avançar.
VIII
E o Piaga se ruge
No seu Maracá,
A morte lá paira
Nos ares frechados,
Os campos juncados
De mortos são já:
Mil homens viveram,
Mil homens são lá.
IX
E então se de novo
Eu toco o Boré;
Qual fonte que salta
De rocha empinada,
Que vai marulhosa,
Fremente e queixosa,
Que a raiva apagada
De todo não é,
Tal eles se escoam
Aos sons do Boré.
- Guerreiros, dizei-me,
- Tão forte quem é?
 
Gonçalves Dias
ATIVIDADE DE LEITURA
 
 
 


QUESTÃO 1
                A linguagem do poema “O canto do guerreiro” organiza-se por meio de várias palavras que remetem à coragem e à contemplação da natureza de um índio que está disposto a enfrentar qualquer obstáculo. Diante disso, explique os seguintes aspectos, essenciais à primeira geração do Romantismo:
A) Identifique elementos que mostram a valentia do índio.
B) Explique a relação entre o índio e a natureza.
 
ATIVIDADE DE LEITURA
 
QUESTÃO 2
                Neste poema, há uma valorização do índio como herói nacional. Este esteriótipo é construído na relação entre palavra, mundo natural e social. Tal ligação apresenta-se num tom envolvente com a reafirmação constante da liderança do guerreiro. Explique como isso ocorre no texto.
ATIVIDADE DE USO DA LÍNGUA
QUESTÃO 3
                Interpretando a realidade, distinguimos e classificamos os elementos ao nosso redor. É assim que, por exemplo, opomos, por meio de palavras, diferentes formas de moradia. Mas, o que nos faz classificar uma habitação como “casa”, “apartamento”, “cabana”, “chalé” ou “iglu”? Para distinguirmos esses tipos de moradia, utilizamos critérios, como o material de que é formada, sua extensão, seu formato etc.
                Em nossos estudos sobre a língua, já aprendemos que, tradicionalmente, as palavras são reunidas em 10 classes. Agora, iremos aprofundar a distinção entre essas classes, a partir dos três critérios apresentados na tabela abaixo e, assim, responder aos itens que se seguem.


Classe
Gramatical
Critério
Semântico
Critério
Morfológico
Critério
Sintático
 
Substantivo
Nomeia seres ou coisas (reais ou imaginários).
Termo variável: admite flexão de gênero e número.
Termo determinado: ocupa o núcleo de uma expressão (sintagma nominal).
 
Adjetivo
Especifica e caracteriza seres ou coisas, atribuindo-lhes estados ou qualidades.
Termo variável: admite flexão de gênero e número.
Termo determinante: qualifica o substantivo a que se refere e com o qual concorda em gênero e número.
 
Artigo
Define ou indefine o substantivo.
Termo variável: admite flexão de gênero e número.
Termo determinante: determina ou indetermina o substantivo a que se refere e com o qual concorda em gênero e número.
Pronome
Indica as pessoas do discurso a que o substantivo se refere, situando-o no espaço.
Alguns admitem flexão (como os pronomes possessivos), outros não (como alguns pronomes pessoais e os indefinidos).
Substitui o substantivo (termo determinado) ou especifica o substantivo (termo determinante).
Numeral
Indica a quantidade dos seres, sua ordenação ou proporção.
Alguns admitem flexão (como os numerais ordinais), outros não (como a maioria dos cardinais).
Substitui o substantivo (termo determinado) ou especifica o substantivo (termo determinante).
Verbo
Indica processos (ações, estados, mudanças de estados dos seres e fenômenos da natureza).
Termo variável: admite flexão de tempo, modo, número e pessoa.
Em predicados verbais, seleciona e relaciona os termos da oração.
Em predicados nominais, os “verbos de ligação” expressam as noções gramaticais de tempo, modo, aspecto, número e pessoa, compondo, junto a um nome, a predicação.
Advérbio
Modifica um verbo, um adjetivo, um outro advérbio ou toda uma oração.
Termo invariável: não admite flexão de gênero e número.
Termo determinante: especifica a significação do termo a que se refere.
Preposição
Relaciona palavras e orações, explicando-as ou completando-as.
Termo invariável: não admite flexão de gênero e número.
Conecta termos, subordinando-os.
Conjunção
Relaciona palavras e orações, explicando-as ou completando-as.
Termo invariável: não admite flexão de gênero e número.
Conecta termos, subordinando-os ou coordenando-os.
Interjeição
Exprime emoção súbita, apelo ou estado de espírito.
Termo invariável: não admite flexão de gênero e número.
Funciona como uma frase, pois apresenta sentido completo.
 


a.                   Com base nesses critérios, destaque do texto um substantivo e um adjetivo a ele relacionado, explicando a diferença entre essas duas classes de palavras.
b.                   Considerando que uma mesma expressão pode ser utilizada de diferentes maneiras e, por isso, ser classificada de formas distintas, explique a que classe gramatical pertence a palavra “feitos” em: “Quem canta seus feitos /
Com mais energia?” (4ª estrofe).
TEXTO GERADOR II
                A segunda geração do Romantismo, chamada de Mal do Século ou Ultrarromantismo, ocorreu nas décadas de 50 e 60 do século XIX e caracterizou-se pelo pessimismo, pela atração pela noite, pela morte, pelo subjetivismo, e pelo sentimentalismo. Quanto ao amor, há uma visão dualista cercada de atração e medo, desejo e culpa, afastando-os de uma concretização amorosa real. Para isso, o eu-lírico expressa a mulher em termos de um anjo, de uma virgem, e sugere o amor carnal de uma maneira vaga, indireta, superficial, possível somente nos sonhos. Isso ocorre nos poemas de Álvares de Azevedo (1831-1852), principal representante da geração ultrarromântica. A seguir, temos o poema “Soneto”, exemplo da obra “Lira dos vinte anos”, alvo de discussão sobre a organização da linguagem e das figuras de linguagem.
SONETO

Pálida, à luz da lâmpada sombria,
Sobre o leito de flores reclinada,
Como a lua por noite embalsamada,
Entre as nuvens do amor ela dormia!

Era a virgem do mar, na escuma fria
Pela maré das águas embalada!
Era um anjo entre nuvens d'alvorada
Que em sonhos se banhava e se esquecia!

Era a mais bela! Seio palpitando...
Negros olhos as pálpebras abrindo...
Formas nuas no leito resvalando...
Não te rias de mim, meu anjo lindo!
Por ti - as noites eu velei chorando,
Por ti - nos sonhos morrerei sorrindo!


ATIVIDADE DE LEITURA
 
 


QUESTÃO 4
                Na geração do mal do século, os autores organizavam sua linguagem de modo a mostrar imagens sugestivas de um pensamento focado na morte, no medo de amar, no pessimismo diante do mundo. Para isso, o eu-lírico usa estratégias baseadas nas palavras, no tempo e no modo de ver a amada. Diante disso, responda às seguintes questões:
A.                  Como a morte é vista pelo eu-lírico?
B.                  Explique como a amada é percebida em cada estrofe?
C.                  Como ocorre o processo de materialização da mulher amada?
ATIVIDADE DE USO DA LÍNGUA
QUESTÃO 5
                No poema “Soneto”, de Álvares de Azevedo, as figuras de linguagem atuam na construção de uma imagem de uma mulher pura, virgem, angelical, inatingível no plano real, existente somente no plano dos sonhos. Para isso, o eu-lírico usa a metáfora, a comparação, a antítese e a anáfora.
                A metáfora é uma figura de linguagem que consiste na comparação implícita com a ausência da partícula “como”. Já a comparação tem a palavra “como”, estabelecendo semelhanças entre os seres ou coisas. A antítese consiste em relações contrárias, como vida x morte. A anáfora é uma repetição que geralmente vem no início do verso. Baseando-se nesses conceitos, responda:
A.                  Cite um verso para cada figura de linguagem: metáfora, comparação, antítese e anáfora. Em seguida, explique o sentido construído por cada figura no verso destacado.
B.                  Explique o sentido da metáfora da mulher angelical em “Era um anjo entre nuvens d'alvorada” (7º verso) e seu contraste com a mulher real em “Era a mais bela! Seio palpitando...” (9º verso).
 
TEXTO GERADOR III
                Esta geração é assim chamada devido ao simbolismo do condor, ave que voa a grandes alturas, transmitindo uma sensação de liberdade. Associado a isso, os poetas dessa época expressam um discurso persuasivo a favor da liberdade política e social. Um exemplo disso é Castro Alves, que exalta a natureza brasileira e se dedica às causas humanas, entre elas o abolicionismo. A seguir, o poema “A mãe do cativo”, que será alvo de reflexão sobre a linguagem e sobre a sociedade.
 


A mãe do cativo
Ó mãe do cativo! que alegre balanças
A rede que ataste nos galhos da selva!
Melhor tu farias se a pobre criança
Cavasses a cova por baixo da relva.
Ó mãe do cativo! que fias à noite
As roupas do filho na choça da palha!
Melhor tu farias se ao pobre pequeno
Tecesses o pano da branca mortalha.
Misérrima!  E ensinas ao triste menino
Que existem virtudes e crimes no mundo
E ensinas ao filho que seja brioso,
Que evite dos vícios o abismo profundo ...
E louca, sacodes nesta alma, inda em trevas,
O raio da espr'ança... Cruel ironia!
E ao pássaro mandas voar no infinito,
Enquanto que o prende cadeia sombria! ...
                            II
Ó Mãe! não despertes est'alma que dorme,
Com o verbo sublime do Mártir da Cruz!
O pobre que rola no abismo sem termo
Pra qu'há de sondá-lo... Que morra sem luz.
Não vês no futuro seu negro fadário,
Ó cega divina que cegas de amor?!
Ensina a teu filho - desonra, misérias,
A vida nos crimes - a morte na dor.
Que seja covarde... que marche encurvado...
Que de homem se torne sombrio réptil.
Nem core de pejo, nem trema de raiva
Se a face lhe cortam com o látego vil.
Arranca-o do leito... seu corpo habitue-se
Ao frio das noites, aos raios do sol.
Na vida - só cabe-lhe a tanga rasgada!
Na morte - só cabe-lhe o roto lençol.
Ensina-o que morda... mas pérfido oculte-se
Bem como a serpente por baixo da chã
Que impávido veja seus pais desonrados,
Que veja sorrindo mancharem-lhe a irmã.
Ensina-lhe as dores de um fero trabalho...
Trabalho que pagam com pútrido pão.
Depois que os amigos açoite no tronco...
Depois que adormeça co'o sono de um cão.
Criança - não trema dos transes de um mártir!
Mancebo - não sonhe delírios de amor!
Marido - que a esposa conduza sorrindo
Ao leito devasso do próprio senhor! ...
São estes os cantos que deves na terra
Ao mísero escravo somente ensinar.
Ó Mãe que balanças a rede selvagem
Que ataste nos troncos do vasto palmar.
                            III
Ó Mãe do cativo, que fias à noite
À luz da candeia na choça de palha!
Embala teu filho com essas cantigas...
Ou tece-lhe o pano da branca mortalha.
 
QUESTÃO 6
                Na fala ou na escrita, cada uma de nossas escolhas linguísticas expressa um diferente ponto de vista sobre o que dizemos e/ou sobre como o dizemos. Dentre essas escolhas, estão os modos verbais. São eles:
Indicativo
Subjuntivo
Imperativo
Expressa o fato como certo.
Expressa o fato como incerto, duvidoso ou apenas de possível realização.
Expressa uma ordem, um conselho ou uma súplica.
                Relacionando a escolha dos modos verbais feita pelo poeta ao sentido dos versos, responda:
a.                   Em que modo estão conjugados os verbos que estruturam o último verso da primeira e da segunda estrofe? Qual a diferença de sentido entre esses verbos e aqueles que compõem o primeiro e o segundo verso das mesmas estrofes?
b.                   “Despertes”, “ensina”, “arranca”. Em que modo verbal estão conjugados esses verbos que compõem o segundo canto? Qual a importância dessa escolha linguística para a construção do poema?
 
ATIVIDADE DE LEITURA
QUESTÃO 7
                O poema traz à tona o modo como o escravo vivia. Era maltratado, desprezado, sentia dor, tristeza, usava roupas em más condições e, na morte, era coberto com tecido destroçado. Refletindo sobre o problema da discriminação social, faça o que se pede:
A) Identifique na primeira, segunda, sexta e sétima estrofes, ações e condições que denunciam esse problema.
B) Em relação à postura da mãe do cativo, comente uma característica que revele a construção de esteriótipo do negro no poema.
 
Texto Complementar (texto teórico) “O Romantismo no Brasil”


 
                O texto a seguir comenta criticamente a escola literária romântica. Apresentando o contexto histórico e destacando os principais traços da estética, esse texto teórico também pode contribuir para a abordagem deste ciclo por permitir o trabalho com o gênero resumo. A partir de “O Romantismo no Brasil”, ainda serão contempladas questões do eixo leitura.
 
O Romantismo no Brasil
Após 1822, cresce no Brasil a busca pelo passado histórico e a exaltação da natureza da pátria – características já cultivadas na Europa e que se encaixavam perfeitamente à necessidade brasileira de ofuscar profundas crises sociais, financeiras e econômicas. De 1823 a 1831, o Brasil viveu um período conturbado como reflexo do autoritarismo de D. Pedro I: a dissolução da Assembleia Constituinte; a Constituição outorgada; a Confederação do Equador; a luta pelo trono português contra seu irmão D. Miguel; a acusação de ter mandado assassinar Líbero Badaró e, finalmente, a abdicação. Segue-se o período regencial e a maioridade prematura de Pedro II. É neste ambiente confuso e inseguro que surge o Romantismo brasileiro, carregado de lusofobia e, principalmente, de nacionalismo.
[...]
Um dos fatos mais importantes do Romantismo foi a criação de um novo público, uma vez que a literatura torna-se mais popular, o que não acontecia com os estilos de época de características clássicas. Surge o romance, forma mais acessível de manifestação literária; e o teatro ganha novo impulso, abandonando as formas clássicas. Com a formação dos primeiros cursos universitários em 1827 e com o liberalismo burguês, dois novos elementos da sociedade brasileira representam um mercado consumidor a ser atingido: o estudante e a mulher.
No prefácio de “Suspiros poéticos e saudades”, Gonçalves de Magalhães nos dá uma ótima visão do que era o romantismo para um autor romântico:

É um livro de poesias escritas segundo as impressões dos lugares; ora assentado entre as ruínas da antiga Roma, meditando sobre a sorte dos impérios;  ora no cimo dos Alpes, a imaginação vagando no infinito como um átomo no espaço; ora na gótica catedral, admirando a grandeza de Deus, e os prodígios do cristianismo; ora entre os ciprestes que espalham sua sombra sobre os túmulos; ora enfim refletindo sobre a sorte da pátria, sobre as paixões dos homens, sobre o nada da vida. Poesias d’alma e do coração, e que só pela alma e pelo coração devem ser julgadas. Quanto à forma, isto é, a construção, por assim dizer, material das estrofes, nenhuma ordem seguimos; exprimindo as ideias como elas se apresentaram, para não destruir o acento da inspiração; além de que, a igualdade de versos, a regularidade das rimas, e a simetria das estrofes produz uma tal monotonia, que jamais podem agradar.
 
Quanto ao conteúdo, os românticos cultivavam o nacionalismo, que se manifestava na exaltação da natureza da pátria, no retorno ao passado histórico e na criação do herói nacional, no caso brasileiro, o índio  (o nosso cavaleiro medieval). Da exaltação do passado histórico vem o culto à Idade Média, que, além de representar as glórias e tradições do passado, também assume o papel de negar os valores da Antiguidade Clássica. Da mesma forma, a natureza, ora é a extensão da pátria, ora é um prolongamento do próprio poeta e seu estado emocional, um refúgio à vida atribulada dos centros urbanos do século XIX.
Outra característica marcante no romantismo e verdadeiro “cartão de visita” de toda a escola foi o sentimentalismo, a valorização dos sentimentos, das emoções pessoais: é o mundo interior que conta, o subjetivismo. E, à medida que se volta para o eu, para o individualismo, o pessoalismo, perde-se a consciência do todo, do coletivo, do social. A constante valorização do eu  gera o egocentrismo; os poetas românticos se colocavam como o centro do universo. É evidente que daí surge um choque da realidade e o seu mundo. A derrota inevitável do eu leva a um estado de frustração e tédio. Daí, as seguidas e múltiplas fugas da realidade: o álcool, o ópio, as “casas de aluguel” (prostíbulos), a saudade da infância, a idealização da sociedade, do amor e da mulher. No entanto, essas fugas têm ida e volta, exceção feita à maior de todas as fugas românticas: a morte.  
Já ao final do Romantismo brasileiro, a partir de 1860, as transformações econômicas, políticas e sociais levam a uma literatura mais próxima da realidade; a poesia reflete as grandes agitações, como a luta abolicionista, a Guerra do Paraguai, o ideal de República. É a decadência do regime monárquico e o aparecimento da poesia social  de Castro Alves. No fundo, uma transição para o realismo.
Quanto ao aspecto formal, a literatura romântica se apresenta descomprometida com os padrões e normas estéticas do Classicismo. O verso livre, sem métrica e estrofação, e o verso branco, sem rima, foram recorrentes na poesia romântica.
 
Fragmento adaptado.
Texto original disponível em:
http://www.mundovestibular.com.br/articles/6517/1/Romantismo-no-Brasil/Paacutegina1.html


ATIVIDADE DE LEITURA
 


QUESTÃO 8
                Ler é atribuir sentido a um texto, fazendo inferências, tecendo anotações, destacando ideias principais, relacionando informações. Assim, na leitura desse texto didático, você deve ter observado que o principal objetivo do autor é caracterizar o Romantismo no Brasil, que é tema e o título do texto. Para isso, após apresentar o contexto histórico em que se insere essa estética literária, o autor, nos três parágrafos após a citação, descreve as três gerações do Romantismo.
                Releia esses três parágrafos e complete o quadro a seguir, caracterizando cada uma das fases do Romantismo no Brasil. Para ajudá-lo, já preenchemos algumas lacunas.


 
 
1ª Geração
2ª Geração
3ª Geração
 
Em que período histórico (data) se insere?
 
 
 
Aproximadamente em 1853, com a publicação da poesia de Álvares de Azevedo.
 
 
 
Qual temática central dos textos?
 
 
O Nacionalismo
 
 
 
Que elementos do texto (personagens, figuras ou sentimentos) refletem essa temática?
 
 
 
 
 
 
- O negro (escravo).
 
- O caráter social da poesia: a busca pela liberdade.
Quais fatos históricos poderiam ter motivado essa temática?
 
- A Independência do Brasil e a necessidade de construção de uma identidade nacional.
- A influência de autores europeus, como Lorde Byron, autor inglês, que tratava de temas como a frustração, a melancolia e a morte.
- A morte de muitos devido à tuberculose.
 
 
ATIVIDADE DE LEITURA
QUESTÃO 9


                Na questão 8, você pontuou algumas características das três gerações do Romantismo no Brasil. Agora, que tal ampliarmos a leitura do texto, destacando as principais informações de cada parágrafo? Fazendo isso, estaremos dando o primeiro passo na construção de um resumo.
                Sabemos que os parágrafos representam blocos de ideias que dividem uma sequência de informações ou pensamentos. Os parágrafos dissertativos considerados padrão são formados por uma estrutura muito semelhante a um texto formado por vários parágrafos, pois apresentam:
a) tópico frasal, que resume o conteúdo do parágrafo, expressando, de maneira sucinta, a ideia núcleo;
b) desenvolvimento, no qual se indicam as ideias secundárias, completando e/ou comprovando a ideia núcleo;
c) conclusão, que consiste em uma reorganização resumida do objetivo proposto no tópico frasal e dos aspectos ou detalhes particulares explicitados no desenvolvimento do parágrafo.
                Assim, podemos dizer que o parágrafo é um microtexto.
                A partir dessas informações, indique o Tópico Frasal ou a Ideia Núcleo de cada um dos parágrafos do Texto Complementar, preenchendo a tabela que se segue.
                Você verá que, identificando os tópicos frasais, poderá compreender melhor o conteúdo de cada parágrafo e, por conseguinte, ter uma ideia global de todo o texto. Além disso, enumerando as informações principais do texto e eliminando as ideias secundárias (como exemplos, consequências e explicações mais detalhadas), você já terá iniciado a questão seguinte: a produção de um resumo.


Parágrafo:
Tópico Frasal ou Ideia Núcleo:
 
 
 
 
 
 
 
 
ATIVIDADE DE PRODUÇÃO TEXTUAL


 
QUESTÃO 10
                Quantas vezes um professor lhe pediu para fazer um resumo? E quantas vezes, sem saber ao certo como construir esse texto, você copiou trechos do texto original, recebendo, por isso, uma avaliação negativa de sua tarefa?
                Construir resumos é uma maneira muito produtiva de compreendermos conteúdos de diferentes áreas. Mas, para essa tarefa, devemos, ter em mente que o resumo consiste em uma apresentação sintética das principais ideias de um texto, ressaltando sua progressão e articulação. Assim, um resumo deverá ser fiel às ideias do autor e apresentar, na indicação dos principais conceitos, uma estrutura lógica.
                Para, então, construirmos um bom resumo, podemos seguir estes passos:
1º. Leia o texto a ser resumido, identificando seu tema, seu objetivo e de que maneira ele se organiza.
2º. Destaque, em cada parágrafo ou capítulo, as ideias principais (os tópicos frasais ou as ideias núcleo).
3º. Reescreva as ideias principais, utilizando a paráfrase, isto é, sem copiar frases do texto!
4º. Com base nessas anotações que você fez, redija seu resumo, estando atento à relação entre cada ideia. Mas, antes de iniciar este passo, guarde o texto que você quer resumir! Se você ficar com o texto à sua frente, vai acabar copiando algumas frases!
                A partir dessa técnica, elabore um resumo para o Texto Complementar. Mas, se você está atento, percebeu que, nas questões anteriores, já desenvolvemos os dois primeiros passos. Agora, então, retome a síntese que construiu na questão 9, utilize a paráfrase
 
TEXTO GERADOR I
 
                O romance “Lucíola” (1862), de José de Alencar, constitui um exemplar da vertente urbana da prosa romântica. Tendo sido o primeiro da trilogia (“Lucíola”, “Diva” e “Senhora”) criada pelo autor, a narrativa representou grande ousadia na época de sua publicação ao abordar o polêmico tema da prostituição. O texto a seguir é o segundo capítulo do livro e trata da chegada do personagem Paulo à cidade do Rio de Janeiro e de seu primeiro encontro com a cortesã Lúcia em uma festa religiosa. Paulo está acompanhado de seu amigo Sá, que lhe apresenta à jovem.
LUCÍOLA
CAPÍTULO II
A primeira vez que vim ao Rio de Janeiro foi em 1855.
Poucos dias depois da minha chegada, um amigo e companheiro de infância, o Dr. Sá, levou-me à festa da Glória; uma das poucas festas populares da corte. Conforme o costume, a grande romaria desfilando pela Rua da Lapa e ao longo do cais, serpejava nas faldas do outeiro, e apinhava-se em torno da poética ermida, cujo âmbito regurgitava com a multidão do povo.
Era ave-maria quando chegamos ao adro; perdida a esperança de romper a mole de gente que murava cada uma das portas da igreja, nos resignamos a gozar da fresca viração que vinha do mar, contemplando o delicioso panorama da baía e admirando ou criticando as devotas que também tinham chegado tarde e pareciam satisfeitas com a exibição de seus adornos.
Enquanto Sá era disputado pelos numerosos amigos e conhecidos, gozava eu da minha tranquila e independente obscuridade, sentado comodamente sobre a pequena muralha, e resolvido a estabelecer ali o meu observatório. Para um provinciano recém-chegado à corte, que melhor festa do que ver passar-lhe pelos olhos, à doce luz da tarde, uma parte da população desta grande cidade, com os seus vários matizes e infinitas gradações?
Todas as raças, desde o caucasiano sem mescla até o africano puro; todas as posições, desde as ilustrações da política, da fortuna ou do talento, até o proletário humilde e desconhecido; todas as profissões, desde o banqueiro até o mendigo; finalmente, todos os tipos grotescos da sociedade brasileira, desde a arrogante nulidade até a vil lisonja, desfilaram em face de mim, roçando a seda e a casimira pela baeta ou pelo algodão, misturando os perfumes delicados às impuras exalações, o fumo aromático do havana às acres baforadas do cigarro de palha.
— É uma festa filosófica essa festa da Glória! Aprendi mais naquela meia hora de observação do que nos cinco anos que acabava de esperdiçar em Olinda com uma prodigalidade verdadeiramente brasileira.
A lua vinha assomando pelo cimo das montanhas fronteiras; descobri nessa ocasião, a alguns passos de mim, uma linda moça, que parara um instante para contemplar no horizonte as nuvens brancas esgarçadas sobre o céu azul e estrelado. Admirei-lhe do primeiro olhar um talhe esbelto e de suprema elegância. O vestido que o moldava era cinzento com orlas de veludo castanho e dava esquisito realce a um desses rostos suaves, puros e diáfanos, que parecem vão desfazer-se ao menor sopro, como os tênues vapores da alvorada. Ressumbrava na sua muda contemplação doce melancolia e não sei que laivos de tão ingênua castidade, que o meu olhar repousou calmo e sereno na mimosa aparição.
— Já vi esta moça! disse comigo. Mas onde?...
Ela pouco demorou-se na sua graciosa imobilidade e continuou lentamente o passeio interrompido. Meu companheiro cumprimentou-a com um gesto familiar; eu, com respeitosa cortesia, que me foi retribuída por uma imperceptível inclinação da fronte.
— Quem é esta senhora? perguntei a Sá.
A resposta foi o sorriso inexprimível, mistura de sarcasmo, de bonomia e fatuidade, que desperta nos elegantes da corte a ignorância de um amigo, profano na difícil ciência das banalidades sociais.
— Não é uma senhora, Paulo! É uma mulher bonita. Queres conhecê-la ?. . .
Compreendi e corei de minha simplicidade provinciana, que confundira a máscara hipócrita do vício com o modesto recato da inocência. Só então notei que aquela moça estava só, e que a ausência de um pai, de um marido, ou de um irmão, devia-me ter feito suspeitar a verdade.
Depois de algumas voltas descobrimos ao longe a ondulação do seu vestido, e fomos encontrá-la, retirada a um canto, distribuindo algumas pequenas moedas de prata à multidão de pobres que a cercava. Voltou-se confusa ouvindo Sá pronunciar o seu nome:
— Lúcia!
— Não há modos de livrar-se uma pessoa desta gente! São de uma impertinência! disse ela mostrando os pobres e esquivando-se aos seus agradecimentos.
Feita a apresentação no tom desdenhoso e altivo com que um moço distinto se dirige a essas sultanas do ouro, e trocadas algumas palavras triviais, meu amigo perguntou-lhe:
— Vieste só?
— Em corpo e alma.
— E não tens companhia para a volta?
Ela fez um gesto negativo.
— Neste caso ofereço-te a minha, ou antes a nossa.
— Em qualquer outra ocasião aceitaria com muito pra­zer; hoje não posso.
— Já vejo que não foste franca!
— Não acredita?. .. Se eu viesse por passeio!
— E qual é o outro motivo que te pode trazer à festa da Glória?
— A senhora veio talvez por devoção? disse eu.
— A Lúcia devota!. . . Bem se vê que a não conheces.
— Um dia no ano não é muito! respondeu ela sorrindo.
— É sempre alguma coisa, repliquei.
Sá insistiu:
— Deixa-te disso; vem conosco.
— O senhor sabe que não é preciso rogar-me quando se trata de me divertir. Amanhã, qualquer dia, estou pronta. Esta noite, não!
— Decididamente há alguém que te espera.
— Ora! Faço mistério disto?
— Não é teu costume decerto.
— Portanto tenho o direito de ser acreditada. As aparências enganam tantas vezes! Não é verdade? disse voltando-se para mim com um sorriso.
(...)
ALENCAR, José de. Lucíola. 5 ed. São Paulo: FTD, 1999, p.14-18.
 
ATIVIDADE DE LEITURA
 
QUESTÃO 1
                No texto, Paulo narra sua chegada ao Rio de Janeiro em 1855, expressando as ações, as atitudes e os perfis da vida urbana que chamam sua atenção. Além disso, destaca-se um comentário sobre a personagem Lúcia.
 
                A partir dos fragmentos retirados do texto gerador 1, faça o que se pede:
 
A.      Identifique e explique como o narrador descreve a desigualdade social da sociedade de 1855.
 Todas as raças, desde o caucasiano sem mescla até o africano puro; todas as posições, desde as ilustrações da política, da fortuna ou do talento, até o proletário humilde e desconhecido; todas as profissões, desde o banqueiro até o mendigo; finalmente, todos os tipos grotescos da sociedade brasileira, desde a arrogante nulidade até a vil lisonja, desfilaram em face de mim, roçando a seda e a casimira pela baeta ou pelo algodão, misturando os perfumes delicados às impuras exalações, o fumo aromático do havana às acres baforadas do cigarro de palha.
— É uma festa filosófica essa festa da Glória! Aprendi mais naquela meia hora de observação do que nos cinco anos que acabava de esperdiçar em Olinda com uma prodigalidade verdadeiramente brasileira.
(Parágrafos: 5º e 6º)
B.      Comente sobre as reações de Paulo e do seu amigo Dr. Sá na apresentação de Lúcia e relacione à posição feminina da época.
— Quem é esta senhora? perguntei a Sá.
A resposta foi o sorriso inexprimível, mistura de sarcasmo, de bonomia e fatuidade, que desperta nos elegantes da corte a ignorância de um amigo, profano na difícil ciência das banalidades sociais.
— Não é uma senhora, Paulo! É uma mulher bonita. Queres conhecê-la ?. . .
Compreendi e corei de minha simplicidade provinciana, que confundira a máscara hipócrita do vício com o modesto recato da inocência. Só então notei que aquela moça estava só, e que a ausência de um pai, de um marido, ou de um irmão, devia-me ter feito suspeitar a verdade.
(Parágrafos: 10º até 13º).
ATIVIDADE DE USO DA LÍNGUA
 
QUESTÃO 2
 
                A gramática tradicional trata como termos essenciais da oração o sujeito e o predicado. Sujeito é um termo que pode se referir a uma pessoa, um animal, uma planta, um objeto, um lugar sobre o qual se faz uma declaração. Já predicado é tudo aquilo que se informa sobre o sujeito, podendo indicar uma ação ou estado.
 
Diante disso, identifique o sujeito e predicado das seguintes expressões do texto:
A. “Já vi esta moça!” (8º parágrafo).
B. “- É uma festa filosófica essa festa da Glória” (6º parágrafo).
 
TEXTO GERADOR II
 
                No quarto capítulo, os protagonistas Lúcia e Paulo têm um encontro amoroso. De início, Lúcia se sente incomodada com a situação, o que deixa Paulo constrangido. Ele, nesse momento, ainda não entende os sentimentos da jovem, que, já apaixonada, sente-se mal por exercer seu papel de cortesã com o homem a quem ama. A partir deste fragmento do romance, serão trabalhadas duas habilidades de uso da língua.
LUCÍOLA
CAPÍTULO IV
 
(...)
Quando, porém, os meus lábios se colaram na tez de cetim e meu peito estreitou as formas encantadoras que debuxavam a seda, pareceu-me que o sangue lhe refluía ao coração. As palpitações eram bruscas e precipites. Estava lívida e mais branca do que o alvo colarinho do seu roupão. Duas lágrimas em fio, duas lágrimas longas e sentidas, como dizem que chora a corça expirando, pareciam cristalizadas sobre a face, de tão lentas que rolavam.
É o coração, quando fortemente confrangido por violenta emoção, que espreme esse soro do sangue que gela e coalha.
Pungiu-me aquela aflição.
Retirei vivamente o braço; enquanto Lúcia sentava-se trêmula, afastei-me revoltado contra mim, e, ao mesmo tempo, indignado contra essa mulher que zombava da minha credulidade, e contra Sá que me iludira. Não sabia o que pensar; para fugir a uma posição que me incomodava horrivelmente, fui debruçar-me na janela.
Um instante depois, ouvi sua voz doce e carinhosa:
— Não se agaste comigo!
Voltei-me; ela sorriu a dois passos de mim, e com uma expressão suplicante, como de quem pedisse perdão.
— Acabemos com isso, Lúcia. Sabes o que me traz à tua casa: se te desagrado por qualquer motivo, dize francamente, que eu tomo o meu chapéu e não te aborrecerei mais. Se pensas que valho tanto como os outros, não percas o tempo a fingir o que não és. Esta comédia de amor pode divertir os mocinhos de dezoito anos e os velhos de cinquenta; mas afianço-te que não lhe acho a menor graça.
— Não seja tão injusto! Em que lhe pareço fingida? Já me perguntou alguma coisa que eu lhe negasse? Já me recusei a um pedido seu?
— Entretanto, te ofendeste com uma simples carícia!
— Não me ofendi; e a prova é que não dei sinal de desagrado, nem conservo o menor ressentimento. Não me conhece!... Sei o que valho, e não sou capaz de iludir a ninguém, muito menos ao senhor.
— Mas, há pouco, o que significavam essas lágrimas?
— Ah, não repare! Sofro do coração; às vezes sobe-me o sangue à cabeça, fico muito pálida, e sinto uma dor aguda que me arranca lágrimas dos olhos!... Não é nada; passa-me logo. Já passou! concluiu com um sorriso dorido.
— É diferente; desculpa. Incomodava-me essa ideia de pensares que estava disposto a fazer-te a corte. Seria soberanamente ridículo para nós ambos.
— Decerto!
Lúcia acompanhou estas duas palavras com um riso estridente e um olhar que ainda vejo brilhar nas sombras de minhas recordações: olhar vivo e cintilante, que luziu como as chispas do brilhante ferido pela réstia da luz, e veio bater-me em cheio na face, cobrindo-me com o mais agro desprezo que pode estilar um coração de mulher.
Dirigiu-se a uma porta lateral, e fazendo correr com um movimento brusco a cortina de seda, desvendou de relance uma alcova elegante e primorosamente ornada. Então, voltou-se para mim com o riso nos lábios, e de um gesto faceiro da mão convidou-me a entrar.
(...)
Era outra mulher.
(...)
Saí alucinado!
(...)
Ao retirar-me ia segunda vez levar a mão à carteira, quando o olhar de Lúcia correu-me de vergonha. Entretanto ela, abatida ainda, porém calma, apertava-me a mão por despedida. Que magia tinham aqueles olhos fúlgidos, quando um sentimento forte lhes toldava a doce serenidade!
Conto-lhe estes fatos, como se escrevesse no dia em que eles sucederam, ignorando o seu futuro; entretanto, talvez que, apesar disto, compreenda as palavras equívocas e as causas ocultas que naquela ocasião resistiram à minha perspicácia.
(...)
ALENCAR, José de. Lucíola. 5 ed. São Paulo: FTD, 1999, p.23-28. Texto adaptado.
ATIVIDADE DE USO DA LÍNGUA
 
QUESTÃO 3
 
                São dois os termos essenciais da oração: sujeito e predicado. O sujeito é o ser sobre o qual se faz uma declaração, podendo se referir a pessoas, animais, coisas, plantas, entre outros. Há orações com sujeito simples (um núcleo), composto (mais de um núcleo) e oculto (omissão do sujeito, reconhecido pela concordância) e há casos de sujeito indeterminado (sujeito não pode ser identificado ou verbo na 3ª pessoa do plural ou do singular, com o pronome se) e de oração sem sujeito (verbo impessoal e inexistência do sujeito). O predicado é a declaração que se faz do sujeito podendo ser verbal, nominal e verbo-nominal.
 
                No enunciado de “Lucíola” “Não seja tão injusto! Em que lhe pareço fingida? Já me perguntou alguma coisa que eu lhe negasse? Já me recusei a um pedido seu?”, há uma característica em comum nas orações sublinhadas anteriormente:
(A) O uso do predicado nominal, pois é demonstrado o sentimento da protagonista.
(B) A presença do predicado verbo-nominal, pois são transmitidas a ação e a emoção.
(C) A ocorrência do sujeito oculto, pois o sujeito está implícito nas declarações.
(D) A recorrência ao sujeito simples, pois as orações remetem à fala de Lúcia.
 
ATIVIDADE DE USO DA LÍNGUA
 
QUESTÃO 4
 
                No cotidiano, o ser humano pode usar expressões, pronomes, numerais, artigos e substantivos para fazer remissão a algo já dito anteriormente (anáfora) ou estabelecer relação a uma informação posterior (catáfora), constituindo o que se chama de coesão referencial. Exemplo 1: Ana foi ao baile. Ela gostou muito (Ela refere-se à Ana). Exemplo 2: Ela era tão boa, a minha mulher! (A minha mulher refere-se ao pronome ela).
 
Já a coesão sequencial usa a progressão do texto, podendo recorrer à mesma estrutura sintática, a expressões introdutoras de uma explicação ou resumo (paráfrases), ao tempo e ao aspecto do verbo, às conjunções, termos do mesmo campo lexical para manutenção do tema, adjunto adverbial, entre outros recursos. Exemplo 1: Eu fui ao restaurante. Em seguida, fui ao médico.
 
Considerando as informações gramaticais sobre coesão referencial e sequencial, reflita sobre o trecho abaixo, retirado do texto gerador 2, e responda às perguntas a seguir.
 
Um instante depois, ouvi sua voz doce e carinhosa:
— Não se agaste comigo!
Voltei-me; ela sorriu a dois passos de mim, e com uma expressão suplicante, como de quem pedisse perdão.
— Acabemos com isso, Lúcia. Sabes o que me traz à tua casa: se te desagrado por qualquer motivo, dize francamente, que eu tomo o meu chapéu e não te aborrecerei mais. Se pensas que valho tanto como os outros, não percas o tempo a fingir o que não és. Esta comédia de amor pode divertir os mocinhos de dezoito anos e os velhos de cinquenta; mas afianço-te que não lhe acho a menor graça.
— Não seja tão injusto! Em que lhe pareço fingida? Já me perguntou alguma coisa que eu lhe negasse? Já me recusei a um pedido seu?
— Entretanto te ofendeste com uma simples carícia!
— Não me ofendi; e a prova é que não dei sinal de desagrado, nem conservo o menor ressentimento. Não me conhece!... Sei o que valho, e não sou capaz de iludir a ninguém, muito menos ao senhor.
 
A. Quais são os termos gramaticais que Paulo utiliza para se referir à Lúcia?
B. O adjunto adverbial “um instante depois”, no início do fragmento, tem a função referencial ou sequencial? Por quê?
 
TEXTO GERADOR III
 
                No capítulo final da narrativa, Lúcia, já afastada da corte, volta a ser Maria da Glória. Grávida e muito doente, ela pede a Paulo que se case com sua irmã. Ele, no entanto, rejeita a proposta, mas concorda em cuidar da menina. Lúcia morre juntamente com o bebê que espera. É a redenção da heroína romântica. A partir deste texto, serão abordadas habilidades de leitura e de uso da língua.
 
LUCÍOLA
CAPÍTULO XXI
 
Era um domingo.
O novo ano tinha começado. A bonança que sucedera às grandes chuvas trouxera um dos sorrisos de primavera, como costumam desabrochar no Rio de Janeiro entre as fortes trovoadas do estio. As árvores cobriam-se da nova folhagem de um verde tenro; o campo aveludava a macia pelúcia da relva, e as frutas dos cajueiros se douravam aos raios do sol.
Uma brisa ligeira, ainda impregnada das evaporações das águas, refrescava a atmosfera Os lábios aspiravam com delícias o sabor desses puros bafejos, que lavavam os pulmões fatigados de uma respiração árida e miasmática. Os olhos se recreavam na festa campestre e matutina da natureza fluminense, da qual as belezas de todos os climas são convivas.
Subia a passo curto e repousado a ladeira de Santa Teresa, calculando a hora de minha chegada pelo despertar de Lúcia; o meu pensamento, porém abria as asas, e precedendo-me, ia saudar a minha doce e terna amiga.
Havia oito dias que Lúcia não andava boa. A fresca e vivace expansão de saúde desaparecera sob uma langue morbidez que a desfalecia; o seu sorriso, sempre angélico, tinha uns laivos melancólicos, que me penavam. Às vezes a surpreendia fitando em mim um olhar ardente e longo; então, ela voltava o rosto de confusa, enrubescendo. Tudo isto me inquietava; atribuindo a sua mudança a algum pesar oculto, a tinha interrogado, suplicando-lhe que me confiasse as mágoas que a afligiam.
— Não digas isso, Paulo! Respondia com um tom de queixa. Posso ter pesares junto de ti? É uma ligeira indisposição; há de passar.
De bem longe avistei Lúcia que me esperava e me fez um aceno de impaciência; apressei o passo para alcançar o portão do jardim. Ela estendeu-me as mãos ambas risonha e atraindo-me, reclinou-se sobre o meu peito com um gracioso abandono. Sentamo-nos nos degraus da pequena escada de pedra, e informei-me de sua saúde.
— Já estou boa. Não vês?
Realmente as rosas de suas faces viçavam; era cintilante o brilho que desferia a sua pupila negra. Pelos lábios úmidos lentejava a onda perene de um sorriso, que orvalhava-lhe o semblante de luz e graça.
(...)
Lúcia calou-se de súbito, empalidecendo. Toda a sua pessoa assumiu-se, tomando a expressão vaga e estática de quem é absorvido por um recolho íntimo: figurava uma pessoa escutando-se viver interiormente. Até que ergueu-se espavorida; soltou um gemido pungente levando a mão ao regaço, e caiu fulminada em meus braços.
O abalo interior que sofrera esse corpo delicado fora tão forte, que a cintura do vestido se despedaçara.
Conduzi Lúcia ao seu leito, e só depois de cruéis angústias tive o consolo de vê-la recobrar os sentidos, mas para cair logo numa prostração, em que apesar dos meus rogos e instâncias, só a ouvia murmurar surdamente estas palavras incompreensíveis:
— Eu adivinhava que ele me levaria consigo!
— Ele quem, minha boa Maria?
— O teu, o nosso filho! Respondeu-me ela.
— Como! Julgas ?. . .
— Senti há pouco o seu primeiro e o seu último movimento!
— Um filho! Mas é um novo laço e mais forte que nos prende um ao outro. Serás mãe, minha querida Maria? Terás mais esse doce sentimento da maternidade para encher-te o coração; terás mais uma criatura com quem repartir a riqueza inexaurível de tua alma!
— Cala-te, Paulo! Ele morreu! Disse-me com a voz surda. E fui eu que o matei!
— Para que te afliges assim! Nosso filho vive, há de viver! Não sentiste há pouco o seu primeiro movimento.
Nisto chegou o médico a quem tinha escrito imediatamente, e que depois de examinar o estado de Lúcia, declarou que não inspirava receio. Ela estava ameaçada de um aborto, resultado do choque violento que sofrera, quando conheceu que se achava grávida. O doutor, um dos mais hábeis parteiros da corte, procurou desvanecer os receios de Lúcia, assegurando-lhe que seu filho vivia, e nada ainda fazia recear pela sua vida.
Apenas o médico saiu, ela olhou-me tristemente:
— Era o primeiro! Mas o tato das entranhas maternas, sejam elas virgens ainda, não engana. Nosso filho, Paulo, o teu, porque ele era mais teu do que meu, já não existe.
À noite declarou-se a febre; uma febre intensa que a fez delirar. Foi então que conheci quanto eu vivia no seu pensamento: ela não disse no delírio uma só palavra que não se referisse a mim e a alguma circunstância de nossa vida mútua, desde o primeiro dia em que nos encontramos.
Pela manhã, depois de um sono curto e agitado, achei-a mais tranquila:
— Tu me prometes, Paulo, casar com Ana!
— Não tratemos disso agora, minha amiga! Quando ficares boa, tudo o que tu quiseres eu farei para a tua felicidade.
— Mas essa promessa me daria tanto agora!
Escuta, Maria, esse casamento nos tornaria infelizes a ti, à tua irmã, e a mim que não poderia amá-la, mesmo por causa dessa semelhança! Tu viverias sempre entre mim e ela!
— Pois bem, promete-me que se ela não for tua mulher, lhe servirás de pai.
— Juro-te!
Beijou-me as mãos:
— Ela vai ter tanta necessidade de um pai!
Os acessos de febre repetiram-se durante três dias, e sempre mais graves. Uma tarde em que o médico apresentou a Lúcia um remédio:
— Para que é isso? Perguntou ela com brandura.
— Para aliviá-la do seu incômodo. Logo que lançar o aborto, ficará inteiramente boa.
— Lançar!... Expelir meu filho de mim?
E o copo que Lúcia sustentava na mão trêmula, impelido com violência, voou pelo aposento e espedaçou-se de encontro à parede.
— Iremos juntos!... murmurou descaindo inerte sobre as almofadas do leito. Sua mãe lhe servirá de túmulo.
De joelhos à cabeceira eu suplicava-lhe que bebesse o remédio que a devia salvar.
— Queres acompanhar teu filho, Maria, e abandonar-me só neste mundo. Vive por mim!
— Se eu pudesse viver, haveria forças que me separassem de ti? Haveria sacrifício que eu não fizesse para comprar mais alguns dias da minha felicidade? Mas Deus não quis. Sinto que a vida me foge!
A instâncias minhas bebeu finalmente o remédio, que nenhum efeito produziu. A febre lavrava com intensidade; eu já não tinha esperanças.
— O remédio de que eu preciso é o da religião. Quero confessar-me, Paulo.
Lúcia tomou os sacramentos com uma resignação angélica; e abraçando a irmã, disse-lhe:
— Perdes uma irmã, Ana; fica-te um pai. Ama-o por ele, por ti e por mim.
O dia se passou na cruel agonia que só compreendem aqueles que ajoelhados à borda de um leito viram finar-se gradualmente uma vida querida.
Quebrado de fadiga e vencido por uma vigília de tantas noites, tinha insensivelmente adormecido, sentado como estava à beira da cama, com os lábios sobre a mão gelada de Lúcia e a testa apoiada no recosto do leito. O sono foi curto, povoado de sonhos horríveis; acordei sobressaltado e achei-me reclinado sobre o peito de Lúcia, que se sentara de encontro às almofadas para suster minha cabeça ao colo, como faria uma terna mãe com seu filho.
Mesmo adormecido ela me sorria, me falava, e cobria-me de beijos:
— Se soubesses que gozo supremo é para mim beijar-te neste momento! Agora que o corpo já está morto e a carne álgida, não sente nem a dor nem o prazer, é a minha alma só que te beija, que se une à tua e se desprende parcela por parcela para se embeber em teu seio.
E seus lábios ávidos devoravam-me o rosto de carícias, bebendo o pranto que corria abundante de meus olhos:
— Se alguma coisa me pudesse salvar ainda, seria esse bálsamo celeste, meu amigo!
Eu soluçava como uma criança.
— Beija-me também, Paulo. Beija-me como beijarás um dia tua noiva! Oh! Agora posso te confessar sem receio. Nesta hora não se mente. Eu te amei desde o momento em que te vi! Eu te amei por séculos nestes poucos dias que passamos juntos na terra. Agora que a minha vida se conta por instantes, amo-te em cada momento por uma existência inteira. Amo-te ao mesmo tempo com todas as afeições que se pode ter neste mundo. Vou te amar enfim por toda a eternidade.
A voz desfaleceu completamente, de extenuada que ela ficara por esse enérgico esforço. Eu chorava de bruços sobre o travesseiro, e as suas palavras suspiravam docemente em minha alma, como as dulias dos anjos devem ressoar aos espíritos celestes.
— Nunca te disse que te amava, Paulo!
— Mas eu sabia, e era feliz!
— Tu me purificaste ungindo-me com os teus lábios. Tu me santificaste com o teu primeiro olhar! Nesse momento Deus sorriu e o consórcio de nossas almas se fez no seio do Criador. Fui tua esposa no céu! E, contudo essa palavra divina do amor, minha boca não a devia profanar, enquanto viva. Ela será meu último suspiro.
Lúcia pediu-me que abrisse a janela: era noite já; do leito víamos uma zona de azul na qual brilhava límpida e serena a estrela da tarde. Um sorriso pálido desfolhou-se ainda nos lábios sem cores: sublime êxtase iluminou a suave transparência de seu rosto. A beleza imaterial dos anjos deve ter aquela divina limpidez.
(...)
 
ALENCAR, José de. Lucíola. 5 ed. São Paulo: FTD, 1999, p.128-138.
 
ATIVIDADE DE LEITURA
 
QUESTÃO 5
 
                O capítulo em destaque trata da fase em que Lúcia fica doente. Depois de saber que está grávida de Paulo, ela se sente em pecado, como se não pudesse viver o seu amor, pois havia sido cortesã. Há um conflito entre o espírito e a carne, que impede a felicidade da jovem, tornando o amor impossível de ser vivido na realidade e concretizável somente no plano espiritual. Devido à gravidade de seu estado de saúde, a personagem, muito enfraquecida, morre. Nesse momento, seu corpo é purificado pelo beijo de Paulo. Reflita sobre o conflito entre carne e espírito de Lúcia, lendo os trechos do quadro abaixo para responder às perguntas.


 DOIS MOMENTOS DE LÚCIA
 
CULPA EM VIDA
DECLARAÇÃO DE AMOR ANTES DA MORTE
 
Havia oito dias que Lúcia não andava boa. A fresca e vivace expansão de saúde desaparecera sob uma langue morbidez que a desfalecia; o seu sorriso, sempre angélico, tinha uns laivos melancólicos, que me penavam. Às vezes a surpreendia fitando em mim um olhar ardente e longo; então, ela voltava o rosto de confusa, enrubescendo. Tudo isto me inquietava; atribuindo a sua mudança a algum pesar oculto, a tinha interrogado, suplicando-lhe que me confiasse as mágoas que a afligiam.
 
 
E seus lábios ávidos devoravam-me o rosto de carícias. Bebendo o pranto que corria abundante de meus olhos:
— Se alguma coisa me pudesse salvar ainda, seria esse bálsamo celeste, meu amigo!
Eu soluçava como uma criança.
— Beija-me também, Paulo. Beija-me como beijarás um dia tua noiva! Oh! Agora posso te confessar sem receio. Nesta hora não se mente. Eu te amei desde o momento em que te vi! Eu te amei por séculos nestes poucos dias que passamos juntos na terra. Agora que a minha vida se conta por instantes, amo-te em cada momento por uma existência inteira. Amo-te ao mesmo tempo com todas as afeições que se pode ter neste mundo. Vou te amar enfim por toda a eternidade.
A voz desfaleceu completamente, de extenuada que ela ficara por esse enérgico esforço. Eu chorava de bruços sobre o travesseiro, e as suas palavras suspiravam docemente em minha alma, como as dulias dos anjos devem ressoar aos espíritos celestes.
— Nunca te disse que te amava, Paulo!
— Mas eu sabia, e era feliz!
— Tu me purificaste ungindo-me com os teus lábios. Tu me santificaste com o teu primeiro olhar! Nesse momento Deus sorriu e o consórcio de nossas almas se fez no seio do Criador. Fui tua esposa no céu! E, contudo essa palavra divina do amor, minha boca não a devia profanar, enquanto viva. Ela será meu último suspiro.
 
A.      Os sentimentos de Lúcia de introspecção, amor e tédio, típicos do Romantismo, estão intimamente relacionados à sensação de pecado da protagonista. Compare esses sentimentos de Lúcia com as suas confissões antes da morte.
B.      O Romantismo é uma estética que refletiu os valores e a moral da burguesia. A partir disso, comente o sentido da morte da protagonista dentro da narrativa.
ATIVIDADE DE USO DA LÍNGUA
QUESTÃO 6


                Em “Lucíola”, José de Alencar usa constantemente figuras de linguagem para expressar as emoções, as ações e a visão dos personagens diante da vida, dispondo de muitas figuras, destacando-se a metáfora, a comparação, a metonímia, a hipérbole e o eufemismo.  
 
A metáfora é uma comparação implícita, existente no pensamento humano, como em “Eu sou uma rosa”. A comparação é uma comparação explícita, usando a partícula “como”: “Eu sou como uma rosa”. A metonímia é uma figura que se baseia em relações de substituição: “Lemos José de Alencar” (autor e obra). O antonomásia é uma variedade de metonímia que consiste na substituição de um nome próprio por comum ou vice-versa: “Gonçalves Dias, o cantor dos índios”. A hipérbole é uma figura que consiste no exagero na mensagem: “Estou morto de cansado” (cansado demais).
 
Nos parágrafos: “Eu soluçava como uma criança” e “E seus lábios ávidos devoravam-me o rosto de caríciais”, são perceptíveis as seguintes figuras de linguagem:
(A)     Metonímia e hipérbole.
(B)     Antonomásia e comparação.
(C)     Metáfora e metonímia.
(D)     Comparação e hipérbole.


TEXTO GERADOR IV
               


O último texto gerador deste Roteiro de Atividades é um exemplar do gênero resenha. A partir da leitura do romance “Iracema”, de José de Alencar, a autora destaca aspectos gerais da obra e, com base na leitura de outros críticos, desenvolve seu próprio ponto de vista. Esta resenha servirá de base para o trabalho com importantes habilidades de leitura e de uso da língua, além de servir de referência para a questão de produção textual.
 


“Iracema”, exuberância e encanto


ALENCAR, José de. Iracema. (Col. Travessias). São Paulo. SP: Editora Moderna, 1993.

 

Publicado no ano 1865, o romance romântico “Iracema”, segundo livro da linha indianista de José de Alencar, foi muito bem aceito e elogiado por Machado de Assis em artigo publicado em um dos principais jornais da época, “O Diário do Rio de Janeiro”. Ainda hoje, a narrativa, uma das mais lembradas da prosa do autor, é reconhecida por seu valor artístico.

O escritor José Martiniano de Alencar, patrono da cadeira número vinte três da ABL (Academia Brasileira de Letras), nasceu em Messejana, no Estado do Ceará, no dia 01 de maio de 1829. Apesar de ter desempenhado várias atividades no decorrer de sua vida, como o direito, o jornalismo e a política, José de Alencar gravou seu nome entre os maiores escritores da literatura brasileira. Em sua prosa, ele abraçou o projeto romântico e, por meio das vertentes indianista, regionalista e urbana, revelou várias faces da sociedade da época.

O belo e comovente romance “Iracema”, certamente um dos mais emblemáticos da primeira geração do Romantismo, traz a história de amor entre Martim, colonizador português do Ceará, e Iracema, bela índia da tribo tabajara. A narração se inicia com Martim indo à caça com seu amigo Poti, guerreiro da tribo pitiguara inimiga dos tabajaras, e se perdendo nas matas ao adentrar no território rival. Inesperadamente, ele encontra Iracema, que o acolhe e o leva à cabana do pai dela. No desenrolar da história, a jovem se apaixona por Martim, o que é tomado como traição, pois ela não poderia se relacionar com nenhum homem, já que era sacerdotisa virgem de Tupã. Para tentar viver o amor proibido, os jovens preferem fugir. Em decorrência disso, Irapuã, chefe da tribo tabajara, decide se vingar do europeu e trava uma guerra com a tribo rival. O bravo guerreiro, no entanto, não contava com a derrota de sua tribo. A partir daí, a trama se encaminha para o seu final trágico. Além de ter sofrido muito com a morte de seu povo, a índia ficou grávida e sozinha aguardando a volta de seu amado esposo, que regressara a sua pátria. Pobre Iracema! Ao retornar, Martim a encontra à beira da morte de tanto se esforçar para alimentar seu filho Moacir.

Neste romance indianista, o autor José de Alencar, além de idealizar o índio e a mulher, exalta a natureza numa narrativa rica e envolvente. Tudo para dar mais beleza e expressar sentimento de nacionalidade ao contar a lenda da fundação do Ceará. Segundo vários críticos, a narrativa possui um caráter ao mesmo tempo poético e prosaico. Por outro lado, o entendimento do texto guarda bastante dificuldade. Isso ocorre, porque Alencar faz bastante uso da linguagem indígena. Esse, porém, é um dos motivos que torna a obra riquíssima em detalhes linguísticos, assim como as adjetivações e comparações que, usadas para descrever os personagens e exaltar a natureza, fazem com que o leitor "viaje" através da imaginação até a mata virgem descrita. Com efeito, essa descrição exuberante, ou seja, o culto à natureza é uma das principais características do Romantismo.

Sem dúvida, a obra é muito importante, pois apresenta fatos históricos relativos à formação do estado do Ceará. Entretanto, mais importante que isso é o fato de o romance revelar um sentimento de nacionalidade único ao fazer uso de linguagem característica e descrever tão bem as belezas naturais, o que proporciona encantamento nos leitores até os dias atuais.

 

ATIVIDADE DE LEITURA

 

QUESTÃO 7

 

A resenha acima, de autoria de Adriana L. S. Gouvêa, apresenta o romance “Iracema”, de José de Alencar. Nela, a autora, além de resumir brevemente a obra, expõe criticamente seu ponto de vista em relação ao romance, chamando a atenção para sua importância e para algumas de suas características.

 

A partir dessas observações, responda:

 

                Com base na leitura atenta dos dois últimos parágrafos, identifique um trecho em que a autora comenta criticamente a abordagem da natureza na obra “Iracema”, evidenciando um juízo de valor. 

 

ATIVIDADE DE USO DA LÍNGUA

 

QUESTÃO 8

 

                Os adjetivos e advérbios são utilizados nos textos com variados propósitos. Em uma resenha, destacam-se seus usos como uma forma de expor o juízo de valor acerca de determinada obra, bem como seu papel modalizador, evitando um posicionamento categórico acerca de determinado ponto. No último parágrafo, por exemplo, o advérbio “muito”, associado ao adjetivo “importante” (“a obra é muito importante”), destaca o juízo positivo que a autora faz da obra de José de Alencar. Observe o seguinte trecho destacado da resenha e faça o que se pede:

“o entendimento do texto guarda bastante dificuldade. Isso ocorre, porque Alencar faz abundante uso da linguagem indígena. Esse, porém, é um dos motivos que torna a obra riquíssima em detalhes linguísticos”.

                Entre as alternativas abaixo, marque aquela em que a substituição dos termos bastante e riquíssima mantém o mesmo sentido do texto original.  

a)       o entendimento do texto guarda suficiente dificuldade;/ Porém, esse é um dos motivos que torna a obra muito produtiva;

b)       o entendimento do texto guarda muita dificuldade; / Porém, esse é um dos motivos que torna a obra muito fértil;

c)       o entendimento do texto guarda moderada dificuldade / Porém, esse é um dos motivos que torna a obra sapientíssima;

d)       o entendimento do texto guarda excessiva dificuldade / Porém, esse é um dos motivos que torna a obra nobilíssima”.

 

ATIVIDADE DE PRODUÇÃO TEXTUAL

QUESTÃO 9

                No contato com uma obra artística, é possível observar elementos que impressionam de algum modo. Uma pintura, por exemplo, pode chamar atenção por suas cores e formas. Já um filme pode atrair pela beleza ou emoção de suas cenas, enquanto um livro pode estimular a imaginação e fazer refletir sobre várias questões. Mas como contar o que se sente para alguém? Como motivar outras pessoas a ter a mesma experiência? A resposta para essas questões pode estar no gênero textual resenha. Isso porque, diferente do resumo, visto no ciclo passado, a resenha não traz apenas as ideias principais de uma obra, mas revela o posicionamento crítico de seu autor.

                Neste momento, você está convidado a desenvolver uma resenha sobre o romance lido neste bimestre, “Lucíola”, de José de Alencar. Para ajudá-lo nesta atividade, você pode se basear nas seguintes dicas:

1°. Depois de ler o livro, elabore um pequeno resumo. Lembre-se que a resenha também precisa mostrar, sinteticamente, de que trata a obra, qual a sua história.

2°. Pesquise sobre o autor, outros textos escritos por ele, a época de sua produção e sua temática predominante.

3°. Tente avaliar como seria a história do romance hoje. Pense de que forma são encaradas questões como o papel da mulher, o amor, a prostituição etc. Então, avalie se o romance permanece atual ou como ele pode contribuir para discutir essas questões.

4°. Pesquise outros textos críticos sobre o livro analisado. Saber o que outros autores disseram sobre o romance irá inspirar o seu trabalho e ajudar na construção de uma análise própria.

5°. Finalmente, defina o que dizer sobre o livro lido. O que vale destacar? O que mais chamou sua atenção? Que ideia quer defender?

                Para se sentir mais seguro antes de escrever, você também pode pedir ajuda ao seu professor para estruturar um roteiro.

                Agora, mãos à obra!

 

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