segunda-feira, 21 de abril de 2014

OLÁ, ALUNOS DA 2ª SÉRIE, AQUI ESTÁ NOSSO MATERIAL PARA O ESTUDO DO 2º BIMESTRE! VAMOS LÁ?

ALUNO_________________________________________
PROFESSORA REGINA MELLO MATERIAL DO CECIERJ 2ºBIMESTRE Na segunda metade do século XIX, surge o Realismo, um estilo literário que se opõe ao egocentrismo, à subjetividade e à fuga da realidade, características tipicamente românticas. Um exemplo disso é a obra “Memórias póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis, em que o “defunto autor” Brás Cubas explica sua própria morte e reflete sobre vários episódios de sua vida. Ao mesmo tempo em que mostra sua realidade pessoal, o narrador deixa ver uma abordagem crítica do contexto social e histórico anterior à abolição da escravatura. Segue abaixo o capítulo “A herança”, fragmento em que o autor apresenta o jogo de interesses em família após a morte do pai. A HERANÇA Veja-nos agora o leitor, oito dias depois da morte de meu pai, minha irmã sentada num sofá, — pouco adiante, o Cotrim, de pé, encostado a um consolo, com os braços cruzados e a morder o bigode, — eu a passear de um lado para outro, com os olhos no chão. Luto pesado. Profundo silêncio. — Mas afinal, disse Cotrim; esta casa pouco mais pode valer de trinta contos; demos que valha trinta e cinco... — Vale cinquenta, ponderei; Sabina sabe que custou cinquenta e oito... — Podia custar até sessenta, tomou Cotrim; mas não se segue que os valesse, e menos ainda que os valha hoje. Você sabe que as casas, aqui há anos, baixaram muito. Olhe, se esta vale os cinquenta contos, quantos não vale a que você deseja para si, a do Campo? — Não fale nisso! Uma casa velha. — Velha! exclamou Sabina, levantando as mãos ao tecto. — Parece-lhe nova, aposto? — Ora, mano, deixe-se dessas cousas, disse Sabina, erguendo-se do sofá; podemos arranjar tudo em boa amizade, e com lisura. Por exemplo, Cotrim não aceita os pretos, quer só o boleeiro de papai e o Paulo... — O boleeiro não, acudi eu; fico com a sege e não hei de ir comprar outro. — Bem; fico com o Paulo e o Prudêncio. — O Prudêncio está livre. — Livre? — Há dous anos. — Livre? Como seu pai arranjava estas cousas cá por casa, sem dar parte a ninguém! Está direito. Quanto à prata... creio que não libertou a prata? Tínhamos falado na prata, a velha prataria do tempo de Dom José I, a porção mais grave da herança, já pelo lavor, já pela vetustez, já pela origem da propriedade; dizia meu pai que o Conde da Cunha, quando vice-rei do Brasil, a dera de presente a meu bisavô Luís Cubas. — Quanto à prata, continuou o Cotrim, eu não faria questão nenhuma, se não fosse o desejo que sua irmã tem de ficar com ela; e acho-lhe razão. Sabina é casada, e precisa de uma copa digna, apresentável. Você é solteiro, não recebe, não... — Mas posso casar. — Para quê? interrompeu Sabina. Era tão sublime esta pergunta, que por alguns instantes me fez esquecer os interesses. Sorri; peguei na mão de Sabina, bati-lhe levemente na palma, tudo isso com tão boa sombra, que o Cotrim interpretou o gesto como de aquiescência, e agradeceu-mo. — Que é lá? redargui; não cedi cousa nenhuma, nem cedo. — Nem cede? Abanei a cabeça. — Deixa, Cotrim, disse minha irmã ao marido; vê se ele quer ficar também com a nossa roupa do corpo, é só o que falta. — Não falta mais nada. Quer a sege, quer o boleeiro, quer a prata, quer tudo. Olhe, é muito mais sumário citar-nos a juízo e provar com testemunhas que Sabina não é sua irmã, que eu não sou seu cunhado, e que Deus não é Deus. Faça isto, e não perde nada, nem uma colherinha. Ora, meu amigo, outro ofício! Estava tão agastado, e eu não menos, que entendi oferecer um meio de conciliação; dividir a prata. Riu-se e perguntou-me a quem caberia o bule e a quem o açucareiro; e depois desta pergunta, declarou que teríamos tempo de liquidar a pretensão, quando menos em juízo. Entretanto, Sabina fora até a janela que dava para a chácara, — e depois de um instante, voltou, e propôs ceder o Paulo e outro preto, com a condição de ficar com a prata; eu ia dizer que não me convinha, mas o Cotrim adiantou-se e disse a mesma cousa. — Isso nunca! não faço esmolas! disse ele. Jantamos tristes. Meu tio cônego apareceu à sobremesa, e ainda presenciou uma pequena altercação. — Meus filhos, disse ele, lembrem-se que meu irmão deixou um pão bem grande para ser repartido por todos. Mas Cotrim: — Creio, creio. A questão, porém, não é de pão, é de manteiga. Pão seco é que eu não engulo. Fizeram-se finalmente as partilhas, mas nós estávamos brigados. E digo-lhes que, ainda assim, custou-me muito a brigar com Sabina. Éramos tão amigos! Jogos pueris, fúrias de crianças, risos e tristezas da idade adulta, dividimos muita vez esse pão da alegria e da miséria, irmãmente, como bons irmãos que éramos. Mas estávamos brigados. Tal qual a beleza de Marcela, que se esvaiu com as bexigas. ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Rovelle, 2008, p. 72-74. Texto adaptado.) Altercação: bate-boca, contestação. Aquiescência: consentimento. Boleeiro: pessoa que dirige as carruagens, cocheiro. Cônego: título do sacerdote que é membro da corporação de uma catedral. Consolo: móvel de sala. Lavor: trabalho manual, ornado em relevo. Liquidar: resolver questão. Lisura: falta de dinheiro. Ofício: obrigação, incumbência, dever. Redargui: respondeu, revidou. Sege: Antiga carruagem com duas rodas e um só assento, fechada com cortinas na frente. Vetustez: característica de muito velho. ATIVIDADE DE LEITURA QUESTÃO 1 No capítulo “A herança”, Machado de Assis descreve de uma maneira crítica e irônica o comportamento de Brás Cubas, o modo de agir da irmã Sabina e do cunhado Cotrim perante a partilha da herança de seu pai, trazendo à tona olhares de cobiça, de ganância, de competição e de interesse por um bem material. Além disso, há um tom de crítica à escravidão, revelado pelas atitudes dos personagens a respeito dos negros Paulo e Prudêncio. Diante disso, responda: • Explique o interesse de Sabina e Cotrim pela prataria da família. • Explique os parágrafos do texto que mostram como Brás Cubas, Sabina e Cotrim se referem aos negros Paulo e Prudêncio. ATIVIDADE DE LEITURA QUESTÃO 2 Machado de Assis quebra as expectativas ao promover uma inversão temporal que faz a narrativa de “Memórias Póstumas de Brás Cubas” começar pelo óbito de seu protagonista. Outra marca inovadora presente no romance é que o “defunto autor” criado por Machado mantém um diálogo com o leitor. A partir disso, volte ao texto gerador I e observe o modo como o narrador-personagem Brás Cubas revela seus sentimentos e como, em dadas passagens, parece estabelecer uma conversa com o leitor. Em seguida, responda às questões: A) Comente a abordagem psicológica neste romance. B) Identifique os recursos usados pelo autor para dialogar com o leitor. TEXTO GERADOR II “Dom Casmurro” (1899) é considerado um dos romances mais importantes da literatura brasileira. Machado de Assis consegue fazer de uma história banal uma grande obra. A narrativa de um menino apaixonado por sua amiga de infância e que rejeita a ideia de se tornar padre, como queria sua mãe, dará início a um texto de construção delicada, marcado por rara sondagem psicológica. No fragmento a seguir, o narrador-personagem Bentinho tenta encontrar uma forma para descrever os olhos de Capitu, sua primeira amiga e que se torna o grande amor de sua vida. OLHOS DE RESSACA Tudo era matéria às curiosidades de Capitu. Caso houve, porém, no qual não sei se aprendeu ou ensinou, ou se fez ambas as coisas, como eu. É o que contarei no outro capítulo. Neste direi somente que, passados alguns dias do ajuste com o agregado, fui ver a minha amiga; eram dez horas da manhã. D. Fortunata, que estava no quintal, nem esperou que eu lhe perguntasse pela filha. — Está na sala, penteando o cabelo, disse-me; vá devagarzinho para lhe pregar um susto. Fui devagar, mas ou o pé ou o espelho traiu-me. Este pode ser que não fosse; era um espelhinho de pataca (perdoai a barateza), comprado a um mascate italiano, moldura tosca, argolinha de latão, pendente da parede, entre as duas janelas. Se não foi ele, foi o pé. Um ou outro, a verdade é que, apenas entrei na sala, pente, cabelos, toda ela voou pelos ares, e só lhe ouvi esta pergunta: — Há alguma coisa? — Não há nada, respondi; vim ver você antes que o Padre Cabral chegue para a lição. Como passou a noite? — Eu bem. José Dias ainda não falou? — Parece que não. — Mas então quando fala? — Disse-me que hoje ou amanhã pretende tocar no assunto; não vai logo de pancada, falará assim por alto e por longe, um toque. Depois, entrará em matéria. Quer primeiro ver se mamãe tem a resolução feita... — Que tem, tem, interrompeu Capitu. E se não fosse preciso alguém para vencer já, e de todo, não se lhe falaria. Eu já nem sei se José Dias poderá influir tanto; acho que fará tudo, se sentir que você realmente não quer ser padre, mas poderá alcançar?... Ele é atendido; se, porém... É um inferno isto! Você teime com ele, Bentinho. — Teimo; hoje mesmo ele há de falar. — Você jura? — Juro! Deixe ver os olhos, Capitu. Tinham-me lembrado a definição que José Dias dera deles, "olhos de cigana oblíqua e dissimulada". Eu não sabia o que era oblíqua, mas dissimulada sabia, e queria ver se se podiam chamar assim. Capitu deixou-se fitar e examinar. Só me perguntava o que era, se nunca os vira; eu nada achei extraordinário; a cor e a doçura eram minhas conhecidas. A demora da contemplação creio que lhe deu outra ideia do meu intento; imaginou que era um pretexto para mirá-los mais de perto, com os meus olhos longos, constantes, enfiados neles, e a isto atribuo que entrassem a ficar crescidos, crescidos e sombrios, com tal expressão que... Retórica dos namorados, dá-me uma comparação exata e poética para dizer o que foram aqueles olhos de Capitu. Não me acode imagem capaz de dizer, sem quebra da dignidade do estilo, o que eles foram e me fizeram. Olhos de ressaca? Vá, de ressaca. É o que me dá ideia daquela feição nova. Traziam não sei que fluido misterioso e enérgico, uma força que arrastava para dentro, como a vaga que se retira da praia, nos dias de ressaca. Para não ser arrastado, agarrei-me às outras partes vizinhas, às orelhas, aos braços, aos cabelos espalhados pelos ombros; mas tão depressa buscava as pupilas, a onda que saía delas vinha crescendo, cava e escura, ameaçando envolver-me, puxar-me e tragar-me. Quantos minutos gastamos naquele jogo? Só os relógios do céu terão marcado esse tempo infinito e breve. A eternidade tem as suas pêndulas; nem por não acabar nunca deixa de querer saber a duração das felicidades e dos suplícios. Há de dobrar o gozo aos bem-aventurados do céu conhecer a soma dos tormentos que já terão padecido no inferno os seus inimigos; assim também a quantidade das delícias que terão gozado no céu os seus desafetos aumentará as dores aos condenados do inferno. Este outro suplício escapou ao divino Dante; mas eu não estou aqui para emendar poetas. Estou para contar que, ao cabo de um tempo não marcado, agarrei-me definitivamente aos cabelos de Capitu, mas então com as mãos, e disse-lhe, — para dizer alguma coisa, — que era capaz de os pentear, se quisesse. — Você? — Eu mesmo. — Vai embaraçar-me o cabelo todo, isso sim. — Se embaraçar, você desembaraça depois. — Vamos ver. (ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. São Paulo: Klick Editora, 1999. p.p. 70-72.) ATIVIDADE DE LEITURA QUESTÃO 3 Nos textos, é comum que o narrador utilize descrições para nos fazer conhecer as personagens, o tempo e o espaço. Para isso, ele pode lançar mão de duas formas de descrição: a objetiva e a subjetiva. A primeira funciona como um “retrato verbal”, ou seja, mostra algo com precisão, de modo concreto, sem a emissão de juízos de valor. Já na descrição subjetiva, as impressões pessoais e o envolvimento do narrador com o objeto descrito transparecem, revelando como ele percebe, sente e encara a realidade. A partir da leitura e observação da passagem abaixo, identifique e comente o tipo de descrição utilizada pelo narrador para falar a respeito do olhar de Capitu. “Retórica dos namorados, dá-me uma comparação exata e poética para dizer o que foram aqueles olhos de Capitu. Não me acode imagem capaz de dizer, sem quebra da dignidade do estilo, o que eles foram e me fizeram. Olhos de ressaca? Vá, de ressaca. É o que me dá ideia daquela feição nova. Traziam não sei que fluido misterioso e enérgico, uma força que arrastava para dentro, como a vaga que se retira da praia, nos dias de ressaca.” ATIVIDADE DE USO DA LÍNGUA QUESTÃO 4 No texto gerador II, vemos que, a partir da definição de José Dias em relação aos olhos de Capitu, Bentinho resolve observá-los para ver a impressão que lhe causavam. Considerando os adjetivos e os verbos empregados, responda: Qual a diferença entre as opiniões de José Dias e de Bentinho sobre o olhar de Capitu? ATIVIDADE DE USO DA LÍNGUA QUESTÃO 5 A regência de um verbo ou de um nome é a relação que existe entre dois termos – regente e regido – em que se poderá exigir ou não a presença de uma preposição. Observe que na passagem “Não me acode imagem capaz de dizer, sem quebra da dignidade do estilo, o que eles foram e me fizeram.”, podemos observar a regência nominal do adjetivo capaz, que exige um complemento com preposição: “de dizer” (o que eles foram e me fizeram). Ainda no mesmo fragmento, podemos observar o caso de um verbo cuja regência exige um complemento preposicionado: o verbo acudir em “Não me acode imagem”. Observa-se que o complemento verbal “me” é um pronome oblíquo que atua como objeto indireto, podendo ser substituído por “a mim”, em cuja estrutura se evidencia a preposição “a”. A partir disso, releia o parágrafo 15, que se inicia com “Retórica dos namorados” e atente para o contexto semântico, ou seja, para as ideias desenvolvidas naquele parágrafo. Em seguida, observe a seguinte sequência: “agarrei-me às outras partes vizinhas, às orelhas, aos braços, aos cabelos espalhados pelos ombros”. Compare-a a esta outra sequência, retirada de outra passagem do mesmo romance: “Capitu agarrou-me, mas, ou por temer que eu acabasse fugindo, ou por negar de outra maneira, correu adiante e apagou o escrito.” Em cada uma das sequências, o verbo agarrar está utilizado com regência diversa, ou seja, exigindo complemento com preposição em um caso, e sem preposição no outro. Na primeira, está funcionando como transitivo indireto, regido pela preposição a, na segunda, está funcionando como transitivo direto, ou seja, complementa-se sem a necessidade do uso de preposição. Com base nisso, responda: A) Identifique os sentidos que o uso das regências distintas provoca em relação ao verbo agarrar. B) Em relação à primeira sequência, explique a ausência do acento grave em “aos braços, aos cabelos espalhados pelos ombros” TEXTO GERADOR III O terceiro gerador é um fragmento de “O Alienista”, texto de Machado de Assis publicado na coletânea “Papéis Avulsos” (1882). O protagonista dessa narrativa é o médico Simão Bacamarte que, dedicando-se aos estudos da mente humana, funda a Casa Verde, local para internação de seus pacientes. Embora alguns o considerem como novela, dada sua extensão, este texto integra o conjunto de contos célebres de Machado e, tal como tantas outras histórias do autor, é marcado pela ironia e humor ao refletir critiamente os hábitos da sociedade do século XIX. O FINAL DO § 4 (...) Não só findaram as queixas contra o alienista, mas até nenhum ressentimento ficou dos atos que ele praticara; acrescendo que os reclusos da Casa Verde, desde que ele os declarara plenamente ajuizados, sentiram-se tomados de profundo reconhecimento e férvido entusiasmo. Muitos entenderam que o alienista merecia uma especial manifestação e deram-lhe um baile, ao qual se seguiram outros bailes e jantares. Dizem as crônicas que D. Evarista a princípio tivera ideia de separar-se do consorte, mas a dor de perder a companhia de tão grande homem venceu qualquer ressentimento de amor-próprio e o casal veio a ser ainda mais feliz do que antes. (...) Entretanto, a Câmara, que respondera o ofício de Simão Bacamarte com a ressalva de que oportunamente estatuiria em relação ao final do § 4°, tratou enfim de legislar sobre ele. Foi adotada, sem debate, uma postura, autorizando o alienista a agasalhar na Casa Verde as pessoas que se achassem no gozo do perfeito equilíbrio das faculdades mentais. E porque a experiência da Câmara tivesse sido dolorosa, estabeleceu ela a cláusula de que a autorização era provisória, limitada a um ano, para o fim de ser experimentada a nova teoria psicológica, podendo a Câmara antes mesmo daquele prazo mandar fechar a Casa Verde, se a isso fosse aconselhada por motivos de ordem pública. O vereador Freitas propôs também a declaração de que em nenhum caso fossem os vereadores recolhidos ao asilo dos alienados: cláusula que foi aceita, votada e incluída na postura, apesar das reclamações do vereador Galvão. O argumento principal deste magistrado é que a Câmara legislando sobre uma experiência científica, não podia excluir as pessoas dos seus membros das consequências da lei; a exceção era odiosa e ridícula. Mal proferira estas duas palavras, romperam os vereadores em altos brados contra a audácia e insensatez do colega; este, porém, ouviu-os e limitou-se a dizer que votava contra a exceção. — A vereança, concluiu ele, não nos dá nenhum poder especial nem nos elimina do espírito humano. Simão Bacamarte aceitou a postura com todas as restrições. Quanto à exclusão dos vereadores, declarou que teria profundo sentimento se fosse compelido a recolhê-los à Casa Verde; a cláusula, porém, era a melhor prova de que eles não padeciam do perfeito equilíbrio das faculdades mentais. Não acontecia o mesmo ao vereador Galvão, cujo acerto na objeção feita, e cuja moderação na resposta dada às invectivas dos colegas mostravam da parte dele um cérebro bem organizado; pelo que rogava à Câmara que lho entregasse. A Câmara sentindo-se ainda agravada pelo proceder do vereador Galvão, estimou o pedido do alienista e votou unanimemente a entrega. Compreende-se que, pela teoria nova, não bastava um fato ou um dito para recolher alguém à Casa Verde; era preciso um longo exame, um vasto inquérito do passado e do presente. O padre Lopes, por exemplo, só foi capturado trinta dias depois da postura, a mulher do boticário quarenta dias. A reclusão desta senhora encheu o consorte de indignação. Crispim Soares saiu de casa espumando de cólera e declarando às pessoas a quem encontrava que ia arrancar as orelhas ao tirano. Um sujeito, adversário do alienista, ouvindo na rua essa notícia, esqueceu os motivos de dissidência, e correu à casa de Simão Bacamarte a participar-lhe o perigo que corria. Simão Bacamarte mostrou-se grato ao procedimento do adversário, e poucos minutos lhe bastaram para conhecer a retidão dos seus sentimentos, a boa-fé, o respeito humano, a generosidade; apertou-lhe muito as mãos, e recolheu-o à Casa Verde. — Um caso destes é raro, disse ele à mulher pasmada. Agora esperemos o nosso Crispim. Crispim Soares entrou. A dor vencera a raiva, o boticário não arrancou as orelhas ao alienista. Este consolou o seu privado, assegurando-lhe que não era caso perdido; talvez a mulher tivesse alguma lesão cerebral; ia examiná-la com muita atenção; mas antes disso não podia deixá-la na rua. E, parecendo-lhe vantajoso reuni-los, porque a astúcia e velhacaria do marido poderiam de certo modo curar a beleza moral que ele descobrira na esposa, disse Simão Bacamarte: — O senhor trabalhará durante o dia na botica, mas almoçará e jantará com sua mulher, e cá passará as noites, e os domingos e dias santos. A proposta colocou o pobre boticário na situação do asno de Buridan. Queria viver com a mulher, mas temia voltar à Casa Verde; e nessa luta esteve algum tempo, até que D. Evarista o tirou da dificuldade, prometendo que se incumbiria de ver a amiga e transmitiria os recados de um para outro. Crispim Soares beijou-lhe as mãos agradecido. Este último rasgo de egoísmo pusilânime pareceu sublime ao alienista. Ao cabo de cinco meses estavam alojadas umas dezoito pessoas; mas Simão Bacamarte não afrouxava; ia de rua em rua, de casa em casa, espreitando, interrogando, estudando; e quando colhia um enfermo levava-o com a mesma alegria com que outrora os arrebanhava às dúzias. Essa mesma desproporção confirmava a teoria nova; achara-se enfim a verdadeira patologia cerebral. Um dia, conseguiu meter na Casa Verde o juiz- de- fora; mas procedia com tanto escrúpulo que o não fez senão depois de estudar minuciosamente todos os seus atos, e interrogar os principais da vila. Mais de uma vez esteve prestes a recolher pessoas perfeitamente desequilibradas; foi o que se deu com um advogado, em quem reconheceu um tal conjunto de qualidades morais e mentais, que era perigoso deixá-lo na rua. Mandou prendê-lo; mas o agente, desconfiado, pediu-lhe para fazer uma experiência; foi ter com um compadre, demandado por um testamento falso, e deu-lhe de conselho que tomasse por advogado o Salustiano; era o nome da pessoa em questão. — Então, parece-lhe? — Sem dúvida, vá, confesse tudo, a verdade inteira, seja qual for, e confie-lhe a causa. O homem foi ter com o advogado, confessou ter falsificado o testamento e acabou pedindo que lhe tomasse a causa. Não se negou o advogado; estudou os papéis, arrazoou longamente, e provou a todas as luzes que o testamento era mais que verdadeiro. A inocência do réu foi solenemente proclamada pelo juiz e a herança passou-lhe às mãos. O distinto jurisconsulto deveu a esta experiência a liberdade. Mas nada escapa a um espírito original e penetrante. Simão Bacamarte, que desde algum tempo notava o zelo, a sagacidade, a paciência, a moderação daquele agente, reconheceu a habilidade e o tino com que levara a cabo uma experiência tão melindrosa e complicada, e determinou recolhê-lo imediatamente à Casa Verde; deu-lhe, todavia, um dos melhores cubículos. Os alienados foram alojados por classes. Fez-se uma galeria de modestos; isto é, os loucos em quem predominava esta perfeição moral; outra de tolerantes, outra de verídicos, outra de símplices, outra de leais, outra de magnânimos, outra de sagazes, outra de sinceros, etc. Naturalmente as famílias e os amigos dos reclusos bradavam contra a teoria; e alguns tentaram compelir a Câmara a cassar a licença. A Câmara, porém, não esquecera a linguagem do vereador Galvão, e, se cassasse a licença, vê-lo-ia na rua e restituído ao lugar; pelo que, recusou. Simão Bacamarte oficiou aos vereadores, não agradecendo, mas felicitando-os por esse ato de vingança pessoal. (...) (ASSIS, Machado de. O Alienista. In Contos Escolhidos. Coleção “Clássicos da Literatura”. São Paulo: Distribuição exclusiva Galex, p.39-86. Texto adaptado.) ATIVIDADE DE USO DA LÍNGUA QUESTÃO 6 O conto “O alienista”, de Machado de Assis, tem como protagonista Simão Bacamarte, médico que dedicou sua vida ao estudo da loucura humana. Com autorização da Câmara Municipal, Bacamarte constrói a Casa Verde, local de internação para seus pacientes. No fragmento abaixo, pode-se perceber uma situação irônica, envolvendo a Casa Verde, o vereador Galvão e o pensamento de Simão Bacamarte. Explique a relação irônica entre adjetivos e verbo destacados no trecho abaixo, contextualizando com a situação política e social expressa na obra de Machado de Assis: Simão Bacamarte aceitou a postura com todas as restrições. Quanto à exclusão dos vereadores, declarou que teria profundo sentimento se fosse compelido a recolhê-los à Casa Verde; a cláusula, porém, era a melhor prova de que eles não padeciam do perfeito equilíbrio das faculdades mentais. ATIVIDADE DE USO DA LÍNGUA QUESTÃO 7 A coesão é mecanismo de integração do texto e fator importante na construção da coerência textual. Ela pode ser do tipo referencial, quando, por exemplo, retoma ou antecipa algum termo, como em “Fui obrigado a dar meu cachorro, mas nunca deixei de amar aquele cão.” ou sequencial, quando se ordena a sequência no tempo, no espaço, por ordem de assunto etc. ou que estabelece algum tipo de relação entre os segmentos através dos conectores. Em “Antes da meia-noite aquele trabalho não estará pronto”, por exemplo, o sequenciador “antes da meia-noite” estabelece a ordem temporal para que um determinado trabalho se complete. Tendo em vista as noções de coesão aprendidas, observe os fragmentos e responda: Fragmento 1 – “O argumento principal deste magistrado é que a Câmara legislando sobre uma experiência científica, não podia excluir as pessoas dos seus membros das consequências da lei; a exceção era odiosa e ridícula. Mal proferira estas duas palavras, romperam os vereadores em altos brados contra a audácia e insensatez do colega”. 1) A que elemento do texto fazem referência os termos “deste magistrado” e “colega” no fragmento 1? 2) A que ideia fazem referência os termos audácia e insensatez, presentes na passagem acima transcrita (penúltima linha)? Fragmento 2 – E porque a experiência da Câmara tivesse sido dolorosa, estabeleceu ela a cláusula de que a autorização era provisória, limitada a um ano, para o fim de ser experimentada a nova teoria psicológica, podendo a Câmara antes mesmo daquele prazo mandar fechar a Casa Verde, se a isso fosse aconselhada por motivos de ordem pública. 3) Substitua o segundo termo grifado no fragmento 2, extraído do segundo parágrafo do texto, por outro que estabeleça com o primeiro uma relação de coesão referencial coerente. 4) A expressão “antes mesmo daquele prazo”, também retirada do fragmento 2, apresenta dois tipos de coesão: a sequencial e a referencial, visto que ao mesmo tempo em que marca uma ordem temporal, retoma algo que já havia sido dito. A expressão “daquele prazo” retoma “limitada a um ano”, configurando-se como o tipo de coesão que chamamos referencial. E o sequenciador “antes”, a que tempo remete? TEXTO GERADOR IV O romance “O mulato”, escrito por Aluísio Azevedo e publicado em 1881, é considerado marco inicial do Naturalismo no Brasil. A narrativa aborda o preconceito racial sofrido por Raimundo, jovem mulato recém-chegado da Europa e que deseja se casar com Ana Rosa. A obra mostra a sociedade maranhense que, como o restante do país, sofreu influências das teorias raciais pseudocientíficas do século XIX. A partir deste gerador, serão abordadas questões de leitura e de uso da língua. CAPÍTULO 12 (...) E Raimundo antejulgava perfeitamente que aquele empenho de Manuel em negar-lhe a filha, longe de arredá-la do seu amor, mais e mais o empurrava para ela, ligando-a para sempre ao seu destino. — Terá sua filha alguma secreta enfermidade, que levasse o médico a proibir-lhe o casamento? Terá algum defeito orgânico?... — Oh! Com efeito! O senhor tortura-me com as suas perguntas!... Creia que, se eu pudesse dizer-lhe a causa de minha recusa, tê-lo-ia feito desde logo! Oh! Raimundo não pôde conter-se e disparatou, fazendo estacar o seu cavalo. — Mas o senhor deve compreender a minha insistência! Não se diz assim, sem mais nem menos, a um homem que vem, legítima e conscienciosamente, pedir a mão de uma senhora, que a isso o autorizou. Não lha dou, porque não quero! Por que não quer?! Porque não! Não posso dizer o motivo!... É boa! Tal recusa significa uma ofensa direta a quem faz o pedido! Foi uma afronta à minha dignidade. O senhor há de concordar que me deve uma resposta, seja qual for! Uma desculpa! Uma mentira, muito embora! Mas, com todos os diabos! É necessária uma razão qualquer! — É justo, mas... — Se me dissesse: Oponho-me ao casamento, porque antipatizo solenemente com o seu caráter. Sim senhor! Não seria uma razão plausível, mas estaria no seu direito de pai, mas o senhor... — Perdão! Eu não podia dizer semelhante coisa, depois de o haver elogiado por várias vezes, e ter-me declarado, como repito, seu amigo e seu apreciador... — Mas então?! Se é meu amigo, que diabo! Diga-me a razão com franqueza! Tire-me, por uma vez, deste maldito inferno da dúvida! Declare-me o segredo da sua recusa, seja qual for, ainda que uma revelação esmagadora! Estou disposto a aceitar tudo, tudo! Menos o mistério, que esse tem sido o tormento da minha vida! Vamos, fale! Suplico-lhe por... aquele que caiu assassinado!- E apontou na direção da cruz. Era seu irmão e dizem que meu pai... Pois bem, peço-lhe por ele que me fale com franqueza! Se sabe alguma coisa dos meus antepassados e do meu nascimento, conte-me tudo! Juro-lhe que lhe ficarei reconhecido por isso! Ou, quem sabe? Serei tão desprezível a seus olhos, que nem sequer lhe mereça tão miserável prova de confiança?... — Não! Não! Ao contrário, meu amigo! Eu até levaria muito em gosto o seu casamento com a minha filha, no caso de que isso tivesse lugar!... E só peço a Deus que lhe depare a ela um marido possuidor das suas boas qualidades e do seu saber; creia, porém, que eu, como bom pai, não devo, de forma alguma, consentir em semelhante união. Cometeria um crime se assim procedesse!... — Com certeza há parentesco de irmão entre ela e eu! — Repare que me está ofendendo... — Pois defenda-se, declarando tudo por uma vez! — E o senhor promete não se revoltar com o que eu disser?... — Juro. Fale! Manuel sacudiu os ombros e resmungou depois, em ar de confidência: — Recusei-lhe a mão de minha filha, porque o senhor é... é filho de uma escrava... — Eu?! — O senhor é um homem de cor!... Infelizmente esta é a verdade... Raimundo tornou-se lívido. Manuel prosseguiu, no fim de um silêncio: — Já vê o amigo que não é por mim que lhe recusei Ana Rosa, mas é por tudo! A família de minha mulher sempre foi muito escrupulosa a esse respeito, e como ela é toda a sociedade do Maranhão! Concordo que seja uma asneira; concordo que seja um prejuízo tolo! O senhor, porém, não imagina o que é por cá a prevenção contra os mulatos!... Nunca me perdoariam um tal casamento; além do que, para realizá-lo, teria que quebrar a promessa que fiz a minha sogra, de não dar a neta senão a um branco de lei, português ou descendente direto de portugueses!... O senhor é um moço muito digno, muito merecedor de consideração, mas... foi forro à pia, e aqui ninguém o ignora. — Eu nasci escravo?!... — Sim, pesa-me dizê-lo e não o faria se a isso não fosse constrangido, mas o senhor é filho de uma escrava e nasceu também cativo. Raimundo abaixou a cabeça. Continuaram a viagem. E ali no campo, à sombra daquelas árvores colossais, por onde a espaços a Lua se filtrava tristemente, ia Manuel narrando a vida do irmão com a preta Domingas. Quando, em algum ponto hesitava por delicadeza em dizer toda a verdade, o outro pedia-lhe que prosseguisse francamente, guardando na aparência uma tranquilidade fingida. O negociante contou tudo o que sabia. — Mas que fim levou minha mãe?... a minha verdadeira mãe? Perguntou o rapaz, quando aquele terminou. Mataram-na? Venderam-na? O que fizeram dela? — Nada disso; soube ainda há pouco que está viva... É aquela pobre idiota de São Brás. (...) — Mulato! Esta só palavra explicava-lhe agora todos os mesquinhos escrúpulos, que a sociedade do Maranhão usara para com ele. Explicava tudo: a frieza de certas famílias a quem visitara; a conversa cortada no momento em que Raimundo se aproximava; as reticências dos que lhe falavam sobre os seus antepassados; a reserva e a cautela dos que, em sua presença, discutiam questões de raça e de sangue; a razão pela qual D. Amância lhe oferecera um espelho e lhe dissera: Ora mire-se! a razão pela qual, diante dele, chamavam de meninos aos moleques da rua. Aquela simples palavra dava-lhe tudo o que ele até aí desejara e negava-lhe tudo ao mesmo tempo, aquela palavra maldita dissolvia as suas dúvidas, justificava o seu passado; mas retirava-lhe a esperança de ser feliz, arrancava-lhe a pátria e a futura família; aquela palavra dizia-lhe brutalmente: Aqui, desgraçado, nesta miserável terra em que nasceste, só poderás amar uma negra da tua laia! Tua mãe, lembra-te bem, foi escrava! E tu também o foste! (AZEVEDO, Aluísio. O mulato. Disponível em: http://www.ebooksbrasil.org/adobeebook/omulato.pdf. Acesso em: 10/02/2013. p. 203-207.) Afronta: injúria. Arredá-la: afastá-la. Colossais: enormes. Disparatou: desvairou-se. Enfermidade: doença. Estacar: fazendo parar, tornar imóvel. Hesitava: estava incerto ou perplexo a respeito do que se há de dizer ou fazer. Orgânico: diz-se da doença em que a perturbação funcional se origina de uma lesão dos órgãos. Plausível: aceitável. ATIVIDADE DE LEITURA QUESTÃO 8 No fragmento acima, retirado do romance naturalista “O mulato”, de Aluísio Azevedo, o pai da noiva reage contra o casamento de Raimundo e Ana Rosa, alegando que, por ser negro, filho de escrava, o rapaz não estaria autorizado a concretizar seu desejo. Diante disso, responda: • Manuel Pescada se recusa a conceder a mão de Ana Rosa a Raimundo. Identifique o momento em que Raimundo descobre o motivo de tal rejeição e explique a reação dos personagens. • Como Manuel Pescada expõe a posição contrária ao casamento entre Raimundo e Ana Rosa? E o que isso diz sobre a sociedade da época? ATIVIDADE DE USO DA LÍNGUA QUESTÃO 9 Em sua estrutura, as orações apresentam termos considerados integrantes. Tais termos são constituídos por objetos direto e indireto, complemento nominal e agente da passiva, que possuem o papel de completar o sentido de verbos e nome (no caso do complemento nominal). A partir disso, responda: • Analise, no recorte abaixo, a expressão “contra os mulatos”. Considerando o termo que ela completa, pode-se afirmar que se trata de que termo integrante da oração? Justifique. “O senhor, porém, não imagina o que é por cá a prevenção contra os mulatos!... Nunca me perdoariam um tal casamento; além do que, para realizá-lo, teria que quebrar a promessa que fiz a minha sogra, de não dar a neta senão a um branco de lei, português ou descendente direto de portugueses!” • Identifique um objeto direto na passagem. “ Explicava tudo: a frieza de certas famílias a quem visitara; a conversa cortada no momento em que Raimundo se aproximava; as reticências dos que lhe falavam sobre os seus antepassados; a reserva e a cautela dos que, em sua presença, discutiam questões de raça e de sangue.” • Leia o trecho seguinte e identifique um objeto direto e um objeto indireto. “Quando, em algum ponto hesitava por delicadeza em dizer toda a verdade, o outro pedia-lhe que prosseguisse francamente, guardando na aparência uma tranquilidade fingida.” ATIVIDADE DE PRODUÇÃO TEXTUAL QUESTÃO 10 Leia atentamente o fragmento a seguir: No século XIX, as diferenças entre os grupos humanos tenderam a ser explicadas pelas teorias raciais, que se apresentaram como um discurso científico. Serviram como legitimadoras do imperialismo europeu, possibilitando a hierarquização da humanidade de forma que o homem branco ocupasse o topo da evolução da espécie, símbolo maior do progresso e da civilização. Estas doutrinas raciais - que ganharam força na Europa no século XIX, através de autores como Darwin (1809-1882), Spencer (1820-1903), Gobineau (1816-1882) e tantos outros - foram bem recebidas entre os intelectuais brasileiros, que buscaram explicar os problemas nacionais e suas soluções através do fator raça. O racismo do século XIX foi responsável pela constituição de diversas representações que identificavam o branco como inteligente, inventivo e fisicamente sadio; enquanto os demais indivíduos sejam eles mestiços, negros ou amarelos, tenderam a ser ligados à inferioridade biológica, representantes da imoralidade, da barbárie e do atraso. (In: http://www.historiaehistoria.com.br/materia.cfm?tb=alunos&id=313#_ftn1. Fragmento adaptado) Você viu, neste Roteiro de Atividades, um trecho da obra de Aluísio Azevedo, “O Mulato”, romance naturalista que aborda o preconceito racial. Ao responder à questão 8, certamente pôde notar como a visão da sociedade a respeito do negro foi decisiva para o destino do protagonista Raimundo, impedido de se casar com seu grande amor. Na época retratada na narrativa, a ideia de inferioridade de grupos étnicos como negros e indígenas buscava fundamentação científica para se legitimar, o que explica a rejeição sofrida pelo personagem. Hoje, todos sabem que aquela suposta inferioridade não passava de um mito criado para sujeitar e humilhar determinados grupos. Tanto a história quanto a ciência já provaram que as diferenças entre os humanos são apenas superficiais (cor de pele e olhos, tipo de cabelo etc.) e não conferem maior ou menor capacidade a ninguém. Para se aprofundar mais nesse tema, você está convidado a produzir um texto dissertativo sobre a influência das teorias pseudocientíficas do século XIX nas obras literárias do período. Para ajudá-lo nessa tarefa, você pode seguir estes passos: 1°) Pesquisar mais sobre essas teorias e sua assimilação no pensamento brasileiro da época; 2°) Listar as principais obras que refletiram, de alguma forma, concepções racistas embasadas cientificamente; 3°) Selecionar a(s) obra(s) para comentar. No máximo, três; 4°) Levantar os principais aspectos de cada obra escolhida, observando como a questão foi desenvolvida, sem perder de vista a contribuição de cada texto para criticar ou denunciar preconceitos; 5°) Fazer um roteiro prévio para a introdução, desenvolvimento e conclusão do texto a ser produzido. Caso precise de auxílio para estruturar o seu texto, peça ao seu professor. Agora, mãos à obra!

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