ROTEIRO DE ATIVIDADE
3º bimestre da 2ª série
POESIA NO PARNASIANISMO
TEXTO GERADOR I
O primeiro texto gerador desse
ciclo, As pombas, é de autoria de Raimundo Correia. A obra desse poeta
normalmente remete a temas como a natureza, a perfeição formal dos objetos e a
cultura clássica. Já sua poesia filosófica, de meditação, é marcada pela
desilusão e por um forte pessimismo. Ressalta-se a força lírica do autor, principalmente
quando canta a natureza, conforme se observa no poema As pombas.O primeiro
gerador é um soneto, no qual se evidencia não somente o tema da natureza, mas também
o culto à forma através do uso de vocábulos raros, de inversões frasais (hipérbatos),
de rimas ricas e de verbos decassílabos. A partir desse texto, serão trabalhadas
habilidades dos eixos leitura e uso da língua.
AS POMBAS
Vai-se a primeira pomba
despertada...
Vai-se outra mais... mais
outra... enfim dezenas
De pombas vão-se dos pombais,
apenas
Raia sanguínea e fresca a
madrugada...
E à tarde, quando a rígida
nortada
Sopra, aos pombais de novo elas,
serenas,
Ruflando as asas, sacudindo as
penas,
Voltam todas em bando e em
revoada...
Raimundo Correia
ATIVIDADE DE LEITURA
QUESTÃO 1
Os poetas parnasianos tinham como
um de seus preceitos básicos o culto da forma. Por essa razão, cultivavam o
soneto: composição poética de 14 versos distribuídos em dois quartetos e dois
tercetos, apresentando métrica – normalmente versos alexandrinos (12 sílabas
poéticas) e decassílabos (10 sílabas poéticas) -e rima.
A -Sobre o poema “As pombas”,
assinale a alternativa correta:
a) É um soneto de versos
alexandrinos, com as rimas ABBA (nos quartetos) e CCD/EED (nos tercetos).
b) É um soneto de versos
decassílabos, com as rimas ABBA (nos quartetos) e CCD/EED (nos tercetos).
c) É um soneto de versos
alexandrinos, com as rimas ABBA (nos quartetos) e CCD (nos tercetos).
d) É um soneto de versos
decassílabos, com as rimas ABBA (nos quartetos) e CCD (nos tercetos).
B -Muitos sonetos parnasianos
cultivaram a rima rica, ou seja, quando a rima acontece entre palavras de
classes gramaticais diferentes. No poema “As pombas”, temos um exemplo de rima rica na
seguinte alternativa:
a) soltam/voltam
b) abotoam/voam
c) pombais/mais
d) nortada/revoada
Resposta comentada
O texto gerador I, o soneto “As
pombas”, é um exemplo bastante ilustrativo do culto à forma preconizado no
parnasianismo. O soneto é uma forma fixa, ou seja, uma estrutura rígida.
Normalmente é formado por 14 versos distribuídos em 2 quartetos e 2 tercetos,
mas também há sonetos formados por 2 quartetos e um dístico. É importante ressaltar
que a opção por uma forma fixa já denota certa preocupação com a estrutura formal
da poesia. Soma-se à rigidez da forma, a preocupação com as rimas.
A.
Antes de iniciar a correção dessa
questão, é necessário realizar a escansão dos versos no quadro. A título de
exemplo, apresenta-se a seguir, a escansão da primeira estrofe do poema.
B.
Vai / se a/ pri / mei / ra / pom
/ pa / dês / per / ta / da
Vai/ -se ou/ tra / mais../.mais
/ou/ tra...en/ fim / de/ ze/ nas.
De /pom / bas / vão-/ se / dos /
pom/ bais/, a/ pe / nas
Rai/ a/ san/ güí/ nea e / fres/
ca a/ ma/ dru/ ga/ da.
Fazer a escansão é importante não
apenas para que os alunos possam ser induzidos à resposta correta, mas também
para sanarem possíveis dúvidas relativas à divisão de sílabas poéticas. A
escansão dos versos de As pombas, que possuem 10 sílabas (é considerada como
última sílaba poética a sílaba tônica da última palavra do verso), naturalmente
faz com se elimine duas possibilidades de respostas, já que as opções “a” e “c”
afirmam serem alexandrinos (12 sílabas) os versos do poema. Entretanto, restam duas
alternativas a serem analisadas pelo aluno: “b” e “d” que afirmam serem decassílabos
os versos. Após a escansão, é importante montar no quadro o esquema da rima do
poema. Para isso, lembre aos alunos de que a cada rima diferente que se apresenta
no poema se atribui uma letra (A, B, C, D, E etc.).
As pombas
Vai-se a primeira pomba
despertada... (A)
Vai-se outra mais... mais
outra... enfim dezenas (B)
De pombas vão-se dos pombais,
apenas (B)
Raia sanguínea e fresca a
madrugada...(A)
E à tarde, quando a rígida
nortada (A)
Sopra, aos pombais de novo elas,
serenas,(B)
Ruflando as asas, sacudindo as
penas,(B)
Voltam todas em bando e em
revoada...(A)
Também dos corações onde
abotoam,(C)
Os sonhos, um por um, céleres
voam,(C)
Como voam as pombas dos
pombais;(D)
No azul da adolescência as asas
soltam,(E)
Fogem... Mas aos pombais as
pombas voltam, (E)
E eles aos corações não voltam
mais... (D)
Com relação ao esquema de rima,
apenas a análise dos quartetos não é suficiente para que se responda a questão.
O aluno precisará observar também os tercetos para concluir que a alternativa
correta é a letra “b”. Caso o aluno marque a opção “d” como correta, ele
possivelmente não terá atentado para o fato de que a rima do primeiro terceto é
–am (abotoam/voam), enquanto a do segundo terceto é –tam (soltam/voltam.).
Ainda que a turma não manifeste dúvidas a respeito dessa diferenciação, vale a
pena ressaltá-la.
C.
Inicialmente, é importante definir as rimas ricas e pobres por oposição.
Enquanto as primeiras são formadas por palavras de categorias gramaticais
diferentes, as rimas pobres são constituídas por palavras de mesma classe
gramatical. A opção “a” provavelmente não causará dúvidas nos alunos, tendo em
vista que as duas palavras são verbos bastante usuais em nossa língua. O mesmo
pode ser dito com relação à opção “b”, que também possui dois verbos comumente
utilizados. A opção que pode provocar dúvidas no aluno é a “d”, por conter
vocábulos que não fazem do vocabulário cotidiano. Por essa razão, é importante
sugerir a busca dessas palavras no dicionário quando da leitura do poema. Outra
possibilidade seria simplesmente colocar os significados no quadro, para que os
alunos percebam mais facilmente tratar-se de dois substantivos. Com isso, o
aluno eliminará a opção “d”. Na indicação da resposta correta (letra “c”), é
importante ressaltar não somente que pertencem a classes de palavras diferentes
(substantivo/advérbio), mas também o fato de essa ser uma construção típica nos
poemas parnasianos. Aproveite para lembrar que os poetas parnasianos primavam
não só pelas rimas, como ainda pelo emprego de vocábulos raros que normalmente
não são usados na composição das mesmas.
ATIVIDADE DE USO DA LÍNGUA
QUESTÃO 2
“As pombas” é um soneto terminado
com “chave de ouro”, isto é, um verso final bem escrito, que procura condensar
uma ideia e arrematar o poema com um belo efeito. A figura de linguagem que
contribuiu para a construção do efeito “chave de ouro” no referido poema foi:
a) antítese
b) elipse
c) anáfora
d) hipérbato
Resposta comentada
Os poetas parnasianos cultivaram
o soneto de tradição clássica, composição poética de quatorze versos
-articulada obrigatoriamente em dois quartetos e dois tercetos -e que se
encerra com uma "chave de ouro", ou seja, uma espécie de síntese do
poema, que se manifesta no último verso. Um dos poetas que mais cultivou essa
prática foi Olavo Bilac, conhecido como o “ourives da linguagem”. É importante
ressaltar, na correção, que as figuras de linguagem podem estar presentes em
qualquer estrofe do poema, mas também que, quando empregadas no último verso,
podem contribuir para o desfecho triunfal do mesmo.
Antes de iniciar correção, é
interessante relembrar que cada uma das figuras que aparecem nas alternativas
da questão. Pode ser reforçada a ideia de que a antítese consiste na aproximação de palavras e ideias antônimas
(opostas). Vale lembrar que este recurso expressivo teve extraordinário
desenvolvimento no Barroco. Já a anáfora, consiste na repetição de uma ou mais
palavras no princípio dos versos ou no início de cada um dos segmentos da
frase. Ocorre anáfora, por exemplo,
nos dois primeiros versos do poema (“Vai-se” / “Vai-se”). No que diz respeito à
figura elipse, que não apresenta ocorrência no poema “As pombas”, dizemos que
consiste na omissão de termos facilmente subentendidos por meio do contexto.
Por último, o professor pode abordar o hipérbato (opção B), resposta correta da
questão. O hipérbato é uma das
figuras de linguagem mais cultivadas pelos poetas parnasianos. Consiste na
apresentação indireta dos elementos composicionais da frase (sujeito, verbo,
complementos), visando à pomposidade, ao enobrecimento da linguagem propriamente
dita. Tendo esse breve aparato teórico, os alunos serão levados a perceber que
a única figura de linguagem presente no último terceto é o hipérbato. Após a
indicação da resposta correta, cabe a explicação de que a ordem direta dos
últimos versos seria “mas as pombas voltam aos pombais/ e eles não voltam mais
aos corações”.
TEXTO GERADOR II
O segundo texto gerador do ciclo
intitula-se A um poeta. Seu autor, Olavo Bilac, é considerado o “ourives da
linguagem” devido a sua preocupação com a forma poética. Bilac buscava escrever
sonetos com versos alexandrinos e, como os outros poetas da tríade, colocou-se
à margem dos grandes acontecimentos políticos e sociais do seu tempo. A um
poeta, soneto de verbos decassílabos, tematiza o ofício de ser poeta e
clarifica o ideal da arte pela arte, um dos principais lemas da estética
parnasiana. A partir desse texto,
serão trabalhadas habilidades dos
eixos leitura e uso da língua.
A UM POETA
Longe do estéril turbilhão da
rua,
Beneditino, escreve! No aconchego
Do claustro, na paciência e no
sossego,
Trabalha e teima, e lima, e
sofre, e sua!
ATIVIDADE DE LEITURA
QUESTÃO 3
Leia o fragmento a seguir:
“A busca da objetividade temática
e o culto da forma são as mais importantes características do Parnasianismo. Os
poetas parnasianos opunham-se ao individualismo, ao sentimentalismo e ao
subjetivismo românticos, e procuraram voltar sua poesia para temas que
consideravam mais universais, como a natureza, a história, o amor, os objetos
inanimados, além da própria poesia. Essa poética da impessoalidade era
reforçada pelo gosto da descrição e do rigor formal. O ideal da "arte pela
arte" resultou em acentuada preocupação com a versificação e a metrificação,
pois se acreditava que a Beleza residia também na forma. Em “A um poeta”, Olavo Bilac aproxima o ofício de ser poeta ao ofício de um escultor:
Ambos buscam moldar perfeitamente a forma de seus objetos estéticos. Tendo por
base a leitura do poema de Olavo Bilac e do fragmento acima, responda:
a)
Explique por que o último verso
da 1ª estrofe é representativo do ideal da “arte pela arte”.
b)
Destaque um verso no qual o eu
-lírico exteriorize a ideia de que o esforço empreendido na busca pela forma
perfeita não pode transparecer no resultado final da poesia.
Resposta comentada
O texto é um poema que tematiza o
ofício de ser poeta. “A um poeta” aborda o modo de fazer poesia proposto pelos
parnasianos. O soneto de Bilac é bastante representativo do ideal “da arte pela
arte”, segundo o qual a arte não tem nenhum sentido utilitário e nenhum compromisso
com a humanidade, a não ser com a beleza. Apesar de contemporâneo ao
Realismo/Naturalismo, a estética parnasiana foi muito diferente de ambas. Isso
porque, enquanto esses dois movimentos da prosa buscavam analisar e compreender
a realidade social e humana, para o parnasianismo, o objetivo maior da arte não
era tratar dos problemas sociais, mas sim alcançar a perfeição da construção
poética.
A.
Na resposta dessa questão,
espera-se que o aluno demonstre ter percebido que o último verso da primeira
estrofe traduz a ideia de que, para alcançar a forma perfeita, faz-se necessário
o poeta trabalhar bem com o objeto da poesia, ou seja, a palavra. É
importante que a resposta do
aluno reconheça o valor que os poetas parnasianos atribuíam à forma do poema. O
professor pode mostrar que a ideia de trabalhar arduamente para moldar a forma
da poesia (“Trabalha e teima, e lima, e sofre, e sua”) além de estar presente
nesse verso, estende-se na segunda quadra. Seria interessante, após a correção
dessa questão, levar ao conhecimento dos alunos outro poema de Bilac que aborda
o ofício de ser poeta, “Profissão de fé”. Veja fragmentos:
"Invejo o ourives quando
escrevo: Imito o amor
com que ele, em ouro, alto-relevo
Faz de uma flor.
(...)
Torce, aprimora, alteia, lima A
frase; e,enfim,
no verso de ouro engasta a rima, como
um rubim.
Quero que a estrofe cristalina,
Dobrada ao jeito do ourives, saia
da oficina sem um defeito.”
Em “Profissão de fé”, o eu-lírico
afirma invejar um ourives, ou seja, alguém que se dedica a um trabalho
paciente, minucioso e delicado. Acentua, ainda, a importância da escolha das
palavras precisas, do cuidado com as frases e realça o "polimento"
dos versos, para que o poema se torne uma espécie de objeto precioso e belo,
semelhante a uma joia.
B.
É importante ressaltar junto aos
alunos que o eu-lírico adverte que o resultado final da poesia deve ocultar
todo esforço que o poeta empregou na construção dos versos. O ato de criação da
poesia, em A um poeta, é comparado a um extremo sofrimento. Tal sofrimento,
contudo, jamais deve transparecer no resultado final. O que o aluno precisa
depreender é que a forma perfeita alcançada com bastante esforço pelo poeta deve
parecer natural, ou seja, as dificuldades de sua construção não podem ser
vistas. Como possibilidades de resposta há dois pares de versos: “Mas que na
forma se disfarce o emprego / Do esforço; e trama viva se construa e “Não se
mostre na fábrica o suplicio / Do mestre. E, natural, o efeito agrade”.
ATIVIDADE DE USO DA LÍNGUA
QUESTÃO 4
No primeiro quarteto do soneto “A
um poeta”, de Olavo Bilac, o eu-lírico procura construir uma imagem de
sacrifício para a produção de um poema perfeito. Para isso, lança mão, no
último verso desse quarteto, de duas figuras de linguagem: a gradação ou clímax
e a metonímia. Explique como essas figuras de linguagem ajudam a construir essa
imagem que sugere o qual árduo é o trabalho do poeta.
Resposta Comentada:
É importante destacar para o
aluno que o poeta parnasiano primava pela perfeição da forma. Alcançá-la não
era algo fácil. A gradação ou clímax é o recurso utilizado para demonstrar
isso. No poema apresentado, o eu-lírico pretende demonstrar a dedicação e sofrimento
por que passa para atingir seu objetivo. Consideremos o último verso do
primeiro quarteto: “Trabalha e teima, e lima, e sofre, e sua!”. Peça para o
aluno avaliar cada um dos verbos que compõem esse verso e refletir como ele se
sentiria se estivesse em um trabalho em que tivesse que realizar as ações por
eles propostas. É bem possível que o aluno demonstre a percepção de que terminaria
exausto. Leve-o a perceber que “trabalhar” exige esforço do indivíduo, mas que “teimar”
é no mínimo trabalhar em dobro, pois implica refazer o trabalho. Após refazer o
trabalho, ele “lima”. Limar, segundo o dicionário Aurélio é “desgastar, raspar
ou polir com lima”. Lima é, segundo o mesmo dicionário, “Ferramenta manual, de
aço, cuja superfície é lavrada de estrias muito próximas entre si, e utilizada
para polir, ou desbastar ou raspar metais ou outros objetos duros”. Sendo
assim, após trabalhar, refazer o trabalho, o poeta compara seu trabalho ao de
quem usa uma ferramenta manual para desgastar algo duro. Trabalhar, teimar e limar
tiveram como consequência sofrer, que, por sua vez, resultou em suar. O
sofrimento e o suor são as expressões finais do empenho e da dedicação,
impingida pelo árduo trabalho de fazer versos.
ATIVIDADE DE USO DA LÍNGUA
QUESTÃO 5
Termos acessórios da oração são
aqueles que, embora não integrem necessariamente a estrutura básica da oração,
contribuem por informarem características ou circunstâncias relativas a um
substantivo, pronome ou verbo. A partir disso, responda aos itens a seguir:
A) O aposto é um dos termos
acessórios da oração que tem por função explicar, esclarecer, resumir ou
comentar algo sobre um termo de natureza nominal. Em “A um poeta”, destaque um
aposto e diga o nome ao qual ele está relacionado.
B) A atividade de escrita do
poeta é apresentada como um trabalho árduo, que requer
recolhimento e concentração. Para
expressar isso, o poema recorreu a uma abundância de adjuntos adverbiais,
termos acessórios que podem indicar a circunstância de um verbo ou intensificar
seu sentido, bem como o de um adjetivo ou de outro advérbio. Tais adjuntos
caracterizam de forma marcante todo o envolvimento requerido pelo ofício de
escrever. Identifique-os, relacionando-os às necessidades de recolhimento e
concentração expressos no soneto. Resposta Comentada:
Os termos acessórios, apesar de
prescindíveis, contribuem para o entendimento do enunciado porque informam
alguma característica ou circunstância dos substantivos, pronomes ou verbos que
os acompanham. Dividem-se em adjunto adnominal,
adjunto adverbial e aposto.
Para que o aluno identifique o aposto no poema, é necessário
reforçar a ideia de que se trata de um termo cuja função é explicar,
esclarecer, identificar de modo mais exato ou resumir um nome da oração ao qual
ele se refere. Tendo por base essas informações, será mais fácil o aluno
identificar os termos com função de aposto que aparecem no poema. São eles:
“gêmea da verdade”, “arte pura”, “inimiga do artifício”. O termo ao qual tais
apostos se referem é o substantivo Beleza, presente no primeiro verso do
segundo terceto.
B). O adjunto adverbial que, no
texto, precede a oração, vai indicar uma circunstância de lugar para o verbo
escrever: “Longe do estéril turbilhão da rua”, marcando assim a referida necessidade de recolhimento. “Trabalha e teima, e lima, e
sofre, e sua!”. Esse árduo trabalho é realizado onde? “No aconchego/Do
claustro, na paciência e no sossego”. Nestes versos podemos perceber como o poeta
ressalta a circunstância de seu trabalho, que, apesar de árduo, é feito em um lugar
acolhedor. A passagem “na paciência e no sossego” não indica uma circunstância
de lugar, mas de modo. Trabalhar, teimar, limar, sofrer e suar são ações
realizadas “na paciência e no sossego”, ou seja, paciente e sossegadamente. Só
com muita concentração é possível fazer um trabalho cuja dificuldade e
constância são expressas na seleção de verbos que indicam um nível crescente de
empenho, de modo tal que, por fim, sem ter como indicar por outro termo a
dureza do trabalho, simboliza-a com a consequência de seu esforço: o suor.
Podemos considerar que os versos “No aconchego/Do claustro, na paciência e no
sossego” reúnem as duas necessidades: a de recolhimento, que é reforçada na
caracterização do claustro, definido como aconchegante, e a de concentração,
expressa no modo como o trabalho constante é realizado com paciência e
sossegadamente. O contexto sócio-cultural que marca o desenvolvimento do estilo
do Parnasianismo, a Belle Èpoque, bem como rever os preceitos artísticos que
marcaram a Art Nouveau. Assim, ficará mais fácil para a turma entender a
influência da cultura e estilo de vida dos franceses no Brasil da época e a
assimilação dos temas e formas da Art Nouveau em diversas manifestações, com a
arquitetura e a literatura. A estética parnasiana encontrava um lugar e público
perfeitos para se desenvolver, visto que a ilusão de inspiração francesa, com
os seus componentes de progresso e sofisticação, deveria ser a todo custo
preservada. Segundo a síntese do crítico Alexei Bueno, “o Parnasianismo
perseverou, por assim dizer, como o braço poético oficial de uma república
positivista e laica, de uma Belle Époque cética e risonha, que se negava
totalmente a ver a realidade do país e do povo” (BUENO, 2007, p. 152).
O poeta parnasiano, isolando-se
dos acontecimentos do mundo, passa então a cultuar “uma religião estética segundo
a qual a Beleza é o único valor a ser realizado”
ATIVIDADE DE PRODUÇÃO TEXTUAL
QUESTÃO 7
Paráfrase “é a reafirmação, em palavras diferentes, do mesmo
sentido de uma obra escrita. Uma paráfrase pode ser uma afirmação geral da
ideia de uma obra como esclarecimento de uma passagem difícil. Em geral, ela se
aproxima do original em extensão” (SANT’ANNA, p. 17). Uma paráfrase da
explicação de Sant’Anna seria algo do tipo: parafrasear é dizer a mesma coisa
com outras palavras.
Uma paráfrase pode ser a
explicação da parte mais difícil de algum texto. Normalmente, os textos das
paráfrases têm um tamanho parecido com os textos originais. Algumas paráfrases
não trazem exatamente o mesmo sentido do texto original, mas mantém a mesma
estrutura sintática e semântica. Isso pode ser percebido nas paráfrases de
frases célebres, como esta, de
Vinícius de Moraes:
Frase original “As feias que me
perdoem, mas beleza é fundamental”.
Paráfrase Os calvos que me
perdoem, mas cabelo é fundamental.
Na paráfrase acima, observa-se
que a estrutura sintática da frase original foi mantida: uma oração com o verbo
no subjuntivo, seguida por outra, adversativa, introduzida pela conjunção
“mas”. A estrutura semântica também é a mesma, visto que se apresenta uma
característica considerada como negativa e, contrapondo-se a ela através da adversativa,
destaca-se como imprescindível a característica contrária.
Com base nessas informações,
elabore a paráfrase de um dos poemas parnasianos estudados.
1)Agora você vai produzir paráfrases a partir dos poemas estudados.
Comentário
Nesta questão, é fundamental
lembrar o que é paráfrase e, sobretudo, ressaltar o cuidado que os alunos devem
ter para não construírem, de maneira equivocada, uma paródia, Esta é um gênero
que se distingue daquela pelo fato de, a partir de um texto, elaborar outro em
que desconstrói, ironiza, critica ou ridiculariza o que havia sido dito no texto
original. Para que os alunos percebam bem a diferença entre os dois tipos de produção,
uma sugestão seria apresentar um fragmento do poema “Os sapos”, de Manuel Bandeira,
que é uma paródia do poema “Profissão de Fé”, de Olavo Bilac, autor estudado
PARA NÃO CONFUNDIR PARÓDIA E PARÁFRASE
Texto base Paródia
Profissão de fé
Olavo Bilac
Invejo o ourives quando escrevo:
Imito o amor
Com que ele, em ouro, o
alto-relevo
Faz de uma flor.
(...)
Torce, aprimora, alteia, lima
A frase; e, enfim,
No verso de ouro engasta a rima,
Como um rubim.
Quero que a estrofe cristalina,
Dobrada ao jeito
Do ourives, saia da oficina
Sem um defeito
Os sapos
Manuel Bandeira
O sapo-tanoeiro,
Parnasiano aguado,
Diz: -"Meu cancioneiro
É bem martelado.
Vede como primo
Em comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo
Os termos cognatos.
O meu verso é bom
Frumento sem joio.
Faço rimas com
Consoantes de apoio.
Como forma de exercitar e fixar
que o objetivo da questão é a elaboração uma
paráfrase, também seria interessante, tomar uma estrofe do poema “Profissão
de fé” e criar, junto com os alunos uma paráfrase, preparando-os, assim, para a
elaboração do exercício solicitado.
Quando tiverem terminado,
incentive-os a ler as produções para os colegas, e a identificarem qual se
manteve mais fiel às ideias originais, tendo utilizado mais termos diferentes
do texto base.
ATIVIDADE DE PRODUÇÃO TEXTUAL
QUESTÃO 8
Originalmente, o soneto (pequeno
som), como o próprio nome sugere, era composto para ser cantado. As
características estruturais e prosódicas dessa composição poética foram
aproveitadas pela banda brasileira Kid Abelha, que musicou o poema parnasiano
“Via Láctea” (soneto XIII), de Olavo Bilac. Outro famoso caso de transposição poema/música
se deu com o poema As pombas, de Raimundo Correia, musicado por Chiquinha
Gonzaga, compositora e maestrina carioca nascida no final do século XIX. O soneto
de Bilac e a versão musicada pelo grupo Kid Abelha podem ser observados abaixo.
Via Láctea-Soneto XIII
"Ora (direis) ouvir
estrelas! Certo
Perdeste o senso" Eu vou
direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muitas vezes
desperto
E abro as janelas, pálido de
encanto....
E conversamos toda a noite,
enquanto
A via láctea, como um páleo
aberto,
Cintila. E, ao vir do sol,
saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora "Tresloucado
amigo!
Que conversas com elas? Que
sentido
Tem o que dizem quando estão
contigo?".
E eu vos direi "Amai para
entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas".
(Olavo Bilac)
Ouvir Estrelas
Direi ouvir estrelas
Certo perdestes o senso
E eu vos direi, no entanto
Que, para ouvi-lás
Muita vez desperto
E abro as janelas,
Pálido de espanto
Enquanto conversamos
Cintila via láctea
Como um pálido aberto
E ao vir do sol,
Saudoso e em pranto
Inda as procuro pelo céu deserto
Que conversas com elas
O que te dizem
Quando estão contigo
Ah... Amai para entendê-las
Ah... Pois só que ama pode ouvir
estrelas
(Kid Abelha)
Agora é a sua vez!
Musicar poemas parnasianos
Resposta Comentada:
Embora não haja uma única
possibilidade de resposta para a questão, transponha o poema para a música observando as
rimas, a divisão em sílabas poéticas e a ênfase em possíveis recursos sonoros
presentes na poesia, como aliterações, assonâncias etc. Talvez seja
interessante trabalhar a questão em duplas ou trios, A atividade aqui proposta
guarda certa complexidade, mas é fundamental para estimular o espírito
criativo. A criatividade é, sem dúvida, um importante ponto a ser observado
nessa questão.