segunda-feira, 28 de julho de 2014

ROTEIRO DE ATIVIDADE
 3º bimestre da 2ª série
POESIA NO PARNASIANISMO


TEXTO GERADOR I
O primeiro texto gerador desse ciclo, As pombas, é de autoria de Raimundo Correia. A obra desse poeta normalmente remete a temas como a natureza, a perfeição formal dos objetos e a cultura clássica. Já sua poesia filosófica, de meditação, é marcada pela desilusão e por um forte pessimismo. Ressalta-se a força lírica do autor, principalmente quando canta a natureza, conforme se observa no poema As pombas.O primeiro gerador é um soneto, no qual se evidencia não somente o tema da natureza, mas também o culto à forma através do uso de vocábulos raros, de inversões frasais (hipérbatos), de rimas ricas e de verbos decassílabos. A partir desse texto, serão trabalhadas habilidades dos eixos leitura e uso da língua.

AS POMBAS

Vai-se a primeira pomba despertada...
Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas
De pombas vão-se dos pombais, apenas
Raia sanguínea e fresca a madrugada...

E à tarde, quando a rígida nortada
Sopra, aos pombais de novo elas, serenas,
Ruflando as asas, sacudindo as penas,
Voltam todas em bando e em revoada...

Raimundo Correia

ATIVIDADE DE LEITURA

QUESTÃO 1

Os poetas parnasianos tinham como um de seus preceitos básicos o culto da forma. Por essa razão, cultivavam o soneto: composição poética de 14 versos distribuídos em dois quartetos e dois tercetos, apresentando métrica – normalmente versos alexandrinos (12 sílabas poéticas) e decassílabos (10 sílabas poéticas) -e rima.

A -Sobre o poema “As pombas”, assinale a alternativa correta:

a) É um soneto de versos alexandrinos, com as rimas ABBA (nos quartetos) e CCD/EED (nos tercetos).
b) É um soneto de versos decassílabos, com as rimas ABBA (nos quartetos) e CCD/EED (nos tercetos).
c) É um soneto de versos alexandrinos, com as rimas ABBA (nos quartetos) e CCD (nos tercetos).
d) É um soneto de versos decassílabos, com as rimas ABBA (nos quartetos) e CCD (nos tercetos).

B -Muitos sonetos parnasianos cultivaram a rima rica, ou seja, quando a rima acontece entre palavras de classes gramaticais diferentes. No poema “As pombas”, temos um exemplo de rima rica na seguinte alternativa:

a) soltam/voltam
b) abotoam/voam
c) pombais/mais
d) nortada/revoada

Resposta comentada

O texto gerador I, o soneto “As pombas”, é um exemplo bastante ilustrativo do culto à forma preconizado no parnasianismo. O soneto é uma forma fixa, ou seja, uma estrutura rígida. Normalmente é formado por 14 versos distribuídos em 2 quartetos e 2 tercetos, mas também há sonetos formados por 2 quartetos e um dístico. É importante ressaltar que a opção por uma forma fixa já denota certa preocupação com a estrutura formal da poesia. Soma-se à rigidez da forma, a preocupação com as rimas.

A.
Antes de iniciar a correção dessa questão, é necessário realizar a escansão dos versos no quadro. A título de exemplo, apresenta-se a seguir, a escansão da primeira estrofe do poema.

B.
Vai / se a/ pri / mei / ra / pom / pa / dês / per / ta / da
Vai/ -se ou/ tra / mais../.mais /ou/ tra...en/ fim / de/ ze/ nas.
De /pom / bas / vão-/ se / dos / pom/ bais/, a/ pe / nas
Rai/ a/ san/ güí/ nea e / fres/ ca a/ ma/ dru/ ga/ da.

Fazer a escansão é importante não apenas para que os alunos possam ser induzidos à resposta correta, mas também para sanarem possíveis dúvidas relativas à divisão de sílabas poéticas. A escansão dos versos de As pombas, que possuem 10 sílabas (é considerada como última sílaba poética a sílaba tônica da última palavra do verso), naturalmente faz com se elimine duas possibilidades de respostas, já que as opções “a” e “c” afirmam serem alexandrinos (12 sílabas) os versos do poema. Entretanto, restam duas alternativas a serem analisadas pelo aluno: “b” e “d” que afirmam serem decassílabos os versos. Após a escansão, é importante montar no quadro o esquema da rima do poema. Para isso, lembre aos alunos de que a cada rima diferente que se apresenta no poema se atribui uma letra (A, B, C, D, E etc.).
  
As pombas

Vai-se a primeira pomba despertada... (A)
Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas (B)
De pombas vão-se dos pombais, apenas (B)
Raia sanguínea e fresca a madrugada...(A)

E à tarde, quando a rígida nortada (A)
Sopra, aos pombais de novo elas, serenas,(B)
Ruflando as asas, sacudindo as penas,(B)
Voltam todas em bando e em revoada...(A)

Também dos corações onde abotoam,(C)
Os sonhos, um por um, céleres voam,(C)
Como voam as pombas dos pombais;(D)

No azul da adolescência as asas soltam,(E)
Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam, (E)
E eles aos corações não voltam mais... (D)

Com relação ao esquema de rima, apenas a análise dos quartetos não é suficiente para que se responda a questão. O aluno precisará observar também os tercetos para concluir que a alternativa correta é a letra “b”. Caso o aluno marque a opção “d” como correta, ele possivelmente não terá atentado para o fato de que a rima do primeiro terceto é –am (abotoam/voam), enquanto a do segundo terceto é –tam (soltam/voltam.). Ainda que a turma não manifeste dúvidas a respeito dessa diferenciação, vale a pena ressaltá-la.

C.
Inicialmente, é importante definir as rimas ricas e pobres por oposição. Enquanto as primeiras são formadas por palavras de categorias gramaticais diferentes, as rimas pobres são constituídas por palavras de mesma classe gramatical. A opção “a” provavelmente não causará dúvidas nos alunos, tendo em vista que as duas palavras são verbos bastante usuais em nossa língua. O mesmo pode ser dito com relação à opção “b”, que também possui dois verbos comumente utilizados. A opção que pode provocar dúvidas no aluno é a “d”, por conter vocábulos que não fazem do vocabulário cotidiano. Por essa razão, é importante sugerir a busca dessas palavras no dicionário quando da leitura do poema. Outra possibilidade seria simplesmente colocar os significados no quadro, para que os alunos percebam mais facilmente tratar-se de dois substantivos. Com isso, o aluno eliminará a opção “d”. Na indicação da resposta correta (letra “c”), é importante ressaltar não somente que pertencem a classes de palavras diferentes (substantivo/advérbio), mas também o fato de essa ser uma construção típica nos poemas parnasianos. Aproveite para lembrar que os poetas parnasianos primavam não só pelas rimas, como ainda pelo emprego de vocábulos raros que normalmente não são usados na composição das mesmas.

ATIVIDADE DE USO DA LÍNGUA

QUESTÃO 2

“As pombas” é um soneto terminado com “chave de ouro”, isto é, um verso final bem escrito, que procura condensar uma ideia e arrematar o poema com um belo efeito. A figura de linguagem que contribuiu para a construção do efeito “chave de ouro” no referido poema foi:

a) antítese
b) elipse
c) anáfora
d) hipérbato

Resposta comentada

Os poetas parnasianos cultivaram o soneto de tradição clássica, composição poética de quatorze versos -articulada obrigatoriamente em dois quartetos e dois tercetos -e que se encerra com uma "chave de ouro", ou seja, uma espécie de síntese do poema, que se manifesta no último verso. Um dos poetas que mais cultivou essa prática foi Olavo Bilac, conhecido como o “ourives da linguagem”. É importante ressaltar, na correção, que as figuras de linguagem podem estar presentes em qualquer estrofe do poema, mas também que, quando empregadas no último verso, podem contribuir para o desfecho triunfal do mesmo.
Antes de iniciar correção, é interessante relembrar que cada uma das figuras que aparecem nas alternativas da questão. Pode ser reforçada a ideia de que a antítese consiste na aproximação de palavras e ideias antônimas (opostas). Vale lembrar que este recurso expressivo teve extraordinário desenvolvimento no Barroco. Já a anáfora, consiste na repetição de uma ou mais palavras no princípio dos versos ou no início de cada um dos segmentos da frase. Ocorre anáfora, por exemplo, nos dois primeiros versos do poema (“Vai-se” / “Vai-se”). No que diz respeito à figura elipse, que não apresenta ocorrência no poema “As pombas”, dizemos que consiste na omissão de termos facilmente subentendidos por meio do contexto. Por último, o professor pode abordar o hipérbato (opção B), resposta correta da questão. O hipérbato é uma das figuras de linguagem mais cultivadas pelos poetas parnasianos. Consiste na apresentação indireta dos elementos composicionais da frase (sujeito, verbo, complementos), visando à pomposidade, ao enobrecimento da linguagem propriamente dita. Tendo esse breve aparato teórico, os alunos serão levados a perceber que a única figura de linguagem presente no último terceto é o hipérbato. Após a indicação da resposta correta, cabe a explicação de que a ordem direta dos últimos versos seria “mas as pombas voltam aos pombais/ e eles não voltam mais aos corações”.

TEXTO GERADOR II
O segundo texto gerador do ciclo intitula-se A um poeta. Seu autor, Olavo Bilac, é considerado o “ourives da linguagem” devido a sua preocupação com a forma poética. Bilac buscava escrever sonetos com versos alexandrinos e, como os outros poetas da tríade, colocou-se à margem dos grandes acontecimentos políticos e sociais do seu tempo. A um poeta, soneto de verbos decassílabos, tematiza o ofício de ser poeta e clarifica o ideal da arte pela arte, um dos principais lemas da estética parnasiana. A partir desse texto,
serão trabalhadas habilidades dos eixos leitura e uso da língua.

A UM POETA

Longe do estéril turbilhão da rua,
Beneditino, escreve! No aconchego
Do claustro, na paciência e no sossego,
Trabalha e teima, e lima, e sofre, e sua!

ATIVIDADE DE LEITURA

QUESTÃO 3

Leia o fragmento a seguir:

“A busca da objetividade temática e o culto da forma são as mais importantes características do Parnasianismo. Os poetas parnasianos opunham-se ao individualismo, ao sentimentalismo e ao subjetivismo românticos, e procuraram voltar sua poesia para temas que consideravam mais universais, como a natureza, a história, o amor, os objetos inanimados, além da própria poesia. Essa poética da impessoalidade era reforçada pelo gosto da descrição e do rigor formal. O ideal da "arte pela arte" resultou em acentuada preocupação com a versificação e a metrificação, pois se acreditava que a Beleza residia também na forma. Em “A um poeta”, Olavo Bilac aproxima o ofício de ser poeta ao ofício de um escultor: Ambos buscam moldar perfeitamente a forma de seus objetos estéticos. Tendo por base a leitura do poema de Olavo Bilac e do fragmento acima, responda:

a)
Explique por que o último verso da 1ª estrofe é representativo do ideal da “arte pela arte”.

b)
Destaque um verso no qual o eu -lírico exteriorize a ideia de que o esforço empreendido na busca pela forma perfeita não pode transparecer no resultado final da poesia.

Resposta comentada

O texto é um poema que tematiza o ofício de ser poeta. “A um poeta” aborda o modo de fazer poesia proposto pelos parnasianos. O soneto de Bilac é bastante representativo do ideal “da arte pela arte”, segundo o qual a arte não tem nenhum sentido utilitário e nenhum compromisso com a humanidade, a não ser com a beleza. Apesar de contemporâneo ao Realismo/Naturalismo, a estética parnasiana foi muito diferente de ambas. Isso porque, enquanto esses dois movimentos da prosa buscavam analisar e compreender a realidade social e humana, para o parnasianismo, o objetivo maior da arte não era tratar dos problemas sociais, mas sim alcançar a perfeição da construção poética.

A.
Na resposta dessa questão, espera-se que o aluno demonstre ter percebido que o último verso da primeira estrofe traduz a ideia de que, para alcançar a forma perfeita, faz-se necessário o poeta trabalhar bem com o objeto da poesia, ou seja, a palavra. É
importante que a resposta do aluno reconheça o valor que os poetas parnasianos atribuíam à forma do poema. O professor pode mostrar que a ideia de trabalhar arduamente para moldar a forma da poesia (“Trabalha e teima, e lima, e sofre, e sua”) além de estar presente nesse verso, estende-se na segunda quadra. Seria interessante, após a correção dessa questão, levar ao conhecimento dos alunos outro poema de Bilac que aborda o ofício de ser poeta, “Profissão de fé”. Veja fragmentos:

"Invejo o ourives quando escrevo: Imito o amor
com que ele, em ouro, alto-relevo Faz de uma flor.
(...)
Torce, aprimora, alteia, lima A frase; e,enfim,
no verso de ouro engasta a rima, como um rubim.
Quero que a estrofe cristalina,
Dobrada ao jeito do ourives, saia da oficina sem um defeito.”


Em “Profissão de fé”, o eu-lírico afirma invejar um ourives, ou seja, alguém que se dedica a um trabalho paciente, minucioso e delicado. Acentua, ainda, a importância da escolha das palavras precisas, do cuidado com as frases e realça o "polimento" dos versos, para que o poema se torne uma espécie de objeto precioso e belo, semelhante a uma joia.

B.
É importante ressaltar junto aos alunos que o eu-lírico adverte que o resultado final da poesia deve ocultar todo esforço que o poeta empregou na construção dos versos. O ato de criação da poesia, em A um poeta, é comparado a um extremo sofrimento. Tal sofrimento, contudo, jamais deve transparecer no resultado final. O que o aluno precisa depreender é que a forma perfeita alcançada com bastante esforço pelo poeta deve parecer natural, ou seja, as dificuldades de sua construção não podem ser vistas. Como possibilidades de resposta há dois pares de versos: “Mas que na forma se disfarce o emprego / Do esforço; e trama viva se construa e “Não se mostre na fábrica o suplicio / Do mestre. E, natural, o efeito agrade”.

ATIVIDADE DE USO DA LÍNGUA

QUESTÃO 4

No primeiro quarteto do soneto “A um poeta”, de Olavo Bilac, o eu-lírico procura construir uma imagem de sacrifício para a produção de um poema perfeito. Para isso, lança mão, no último verso desse quarteto, de duas figuras de linguagem: a gradação ou clímax e a metonímia. Explique como essas figuras de linguagem ajudam a construir essa imagem que sugere o qual árduo é o trabalho do poeta.

Resposta Comentada:

É importante destacar para o aluno que o poeta parnasiano primava pela perfeição da forma. Alcançá-la não era algo fácil. A gradação ou clímax é o recurso utilizado para demonstrar isso. No poema apresentado, o eu-lírico pretende demonstrar a dedicação e sofrimento por que passa para atingir seu objetivo. Consideremos o último verso do primeiro quarteto: “Trabalha e teima, e lima, e sofre, e sua!”. Peça para o aluno avaliar cada um dos verbos que compõem esse verso e refletir como ele se sentiria se estivesse em um trabalho em que tivesse que realizar as ações por eles propostas. É bem possível que o aluno demonstre a percepção de que terminaria exausto. Leve-o a perceber que “trabalhar” exige esforço do indivíduo, mas que “teimar” é no mínimo trabalhar em dobro, pois implica refazer o trabalho. Após refazer o trabalho, ele “lima”. Limar, segundo o dicionário Aurélio é “desgastar, raspar ou polir com lima”. Lima é, segundo o mesmo dicionário, “Ferramenta manual, de aço, cuja superfície é lavrada de estrias muito próximas entre si, e utilizada para polir, ou desbastar ou raspar metais ou outros objetos duros”. Sendo assim, após trabalhar, refazer o trabalho, o poeta compara seu trabalho ao de quem usa uma ferramenta manual para desgastar algo duro. Trabalhar, teimar e limar tiveram como consequência sofrer, que, por sua vez, resultou em suar. O sofrimento e o suor são as expressões finais do empenho e da dedicação, impingida pelo árduo trabalho de fazer versos.

ATIVIDADE DE USO DA LÍNGUA

QUESTÃO 5

Termos acessórios da oração são aqueles que, embora não integrem necessariamente a estrutura básica da oração, contribuem por informarem características ou circunstâncias relativas a um substantivo, pronome ou verbo. A partir disso, responda aos itens a seguir:

A) O aposto é um dos termos acessórios da oração que tem por função explicar, esclarecer, resumir ou comentar algo sobre um termo de natureza nominal. Em “A um poeta”, destaque um aposto e diga o nome ao qual ele está relacionado.

B) A atividade de escrita do poeta é apresentada como um trabalho árduo, que requer
recolhimento e concentração. Para expressar isso, o poema recorreu a uma abundância de adjuntos adverbiais, termos acessórios que podem indicar a circunstância de um verbo ou intensificar seu sentido, bem como o de um adjetivo ou de outro advérbio. Tais adjuntos caracterizam de forma marcante todo o envolvimento requerido pelo ofício de escrever. Identifique-os, relacionando-os às necessidades de recolhimento e concentração expressos no soneto. Resposta Comentada:

Os termos acessórios, apesar de prescindíveis, contribuem para o entendimento do enunciado porque informam alguma característica ou circunstância dos substantivos, pronomes ou verbos que os acompanham. Dividem-se em adjunto adnominal, adjunto adverbial e aposto.

Para que o aluno identifique o aposto no poema, é necessário reforçar a ideia de que se trata de um termo cuja função é explicar, esclarecer, identificar de modo mais exato ou resumir um nome da oração ao qual ele se refere. Tendo por base essas informações, será mais fácil o aluno identificar os termos com função de aposto que aparecem no poema. São eles: “gêmea da verdade”, “arte pura”, “inimiga do artifício”. O termo ao qual tais apostos se referem é o substantivo Beleza, presente no primeiro verso do segundo terceto.

B). O adjunto adverbial que, no texto, precede a oração, vai indicar uma circunstância de lugar para o verbo escrever: “Longe do estéril turbilhão da rua”, marcando assim a referida necessidade de recolhimento. “Trabalha e teima, e lima, e sofre, e sua!”. Esse árduo trabalho é realizado onde? “No aconchego/Do claustro, na paciência e no sossego”. Nestes versos podemos perceber como o poeta ressalta a circunstância de seu trabalho, que, apesar de árduo, é feito em um lugar acolhedor. A passagem “na paciência e no sossego” não indica uma circunstância de lugar, mas de modo. Trabalhar, teimar, limar, sofrer e suar são ações realizadas “na paciência e no sossego”, ou seja, paciente e sossegadamente. Só com muita concentração é possível fazer um trabalho cuja dificuldade e constância são expressas na seleção de verbos que indicam um nível crescente de empenho, de modo tal que, por fim, sem ter como indicar por outro termo a dureza do trabalho, simboliza-a com a consequência de seu esforço: o suor. Podemos considerar que os versos “No aconchego/Do claustro, na paciência e no sossego” reúnem as duas necessidades: a de recolhimento, que é reforçada na caracterização do claustro, definido como aconchegante, e a de concentração, expressa no modo como o trabalho constante é realizado com paciência e sossegadamente. O contexto sócio-cultural que marca o desenvolvimento do estilo do Parnasianismo, a Belle Èpoque, bem como rever os preceitos artísticos que marcaram a Art Nouveau. Assim, ficará mais fácil para a turma entender a influência da cultura e estilo de vida dos franceses no Brasil da época e a assimilação dos temas e formas da Art Nouveau em diversas manifestações, com a arquitetura e a literatura. A estética parnasiana encontrava um lugar e público perfeitos para se desenvolver, visto que a ilusão de inspiração francesa, com os seus componentes de progresso e sofisticação, deveria ser a todo custo preservada. Segundo a síntese do crítico Alexei Bueno, “o Parnasianismo perseverou, por assim dizer, como o braço poético oficial de uma república positivista e laica, de uma Belle Époque cética e risonha, que se negava totalmente a ver a realidade do país e do povo” (BUENO, 2007, p. 152).

O poeta parnasiano, isolando-se dos acontecimentos do mundo, passa então a cultuar “uma religião estética segundo a qual a Beleza é o único valor a ser realizado”

ATIVIDADE DE PRODUÇÃO TEXTUAL

QUESTÃO 7

Paráfrase “é a reafirmação, em palavras diferentes, do mesmo sentido de uma obra escrita. Uma paráfrase pode ser uma afirmação geral da ideia de uma obra como esclarecimento de uma passagem difícil. Em geral, ela se aproxima do original em extensão” (SANT’ANNA, p. 17). Uma paráfrase da explicação de Sant’Anna seria algo do tipo: parafrasear é dizer a mesma coisa com outras palavras.
Uma paráfrase pode ser a explicação da parte mais difícil de algum texto. Normalmente, os textos das paráfrases têm um tamanho parecido com os textos originais. Algumas paráfrases não trazem exatamente o mesmo sentido do texto original, mas mantém a mesma estrutura sintática e semântica. Isso pode ser percebido nas paráfrases de
frases célebres, como esta, de Vinícius de Moraes:

Frase original “As feias que me perdoem, mas beleza é fundamental”.
Paráfrase Os calvos que me perdoem, mas cabelo é fundamental.

Na paráfrase acima, observa-se que a estrutura sintática da frase original foi mantida: uma oração com o verbo no subjuntivo, seguida por outra, adversativa, introduzida pela conjunção “mas”. A estrutura semântica também é a mesma, visto que se apresenta uma característica considerada como negativa e, contrapondo-se a ela através da adversativa, destaca-se como imprescindível a característica contrária.

Com base nessas informações, elabore a paráfrase de um dos poemas parnasianos estudados.
1)Agora você vai produzir paráfrases a partir dos poemas estudados.


Comentário

Nesta questão, é fundamental lembrar o que é paráfrase e, sobretudo, ressaltar o cuidado que os alunos devem ter para não construírem, de maneira equivocada, uma paródia, Esta é um gênero que se distingue daquela pelo fato de, a partir de um texto, elaborar outro em que desconstrói, ironiza, critica ou ridiculariza o que havia sido dito no texto original. Para que os alunos percebam bem a diferença entre os dois tipos de produção, uma sugestão seria apresentar um fragmento do poema “Os sapos”, de Manuel Bandeira, que é uma paródia do poema “Profissão de Fé”, de Olavo Bilac, autor estudado

PARA NÃO CONFUNDIR PARÓDIA E PARÁFRASE

Texto base Paródia
Profissão de fé
Olavo Bilac
Invejo o ourives quando escrevo:
Imito o amor
Com que ele, em ouro, o alto-relevo
Faz de uma flor.
(...)
Torce, aprimora, alteia, lima
A frase; e, enfim,
No verso de ouro engasta a rima,
Como um rubim.
Quero que a estrofe cristalina,
Dobrada ao jeito
Do ourives, saia da oficina
Sem um defeito
Os sapos
Manuel Bandeira
O sapo-tanoeiro,
Parnasiano aguado,
Diz: -"Meu cancioneiro
É bem martelado.
Vede como primo
Em comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo
Os termos cognatos.
O meu verso é bom
Frumento sem joio.
Faço rimas com
Consoantes de apoio.

Como forma de exercitar e fixar que o objetivo da questão é a elaboração uma paráfrase, também seria interessante, tomar uma estrofe do poema “Profissão de fé” e criar, junto com os alunos uma paráfrase, preparando-os, assim, para a elaboração do exercício solicitado.

Quando tiverem terminado, incentive-os a ler as produções para os colegas, e a identificarem qual se manteve mais fiel às ideias originais, tendo utilizado mais termos diferentes do texto base.

ATIVIDADE DE PRODUÇÃO TEXTUAL

QUESTÃO 8

Originalmente, o soneto (pequeno som), como o próprio nome sugere, era composto para ser cantado. As características estruturais e prosódicas dessa composição poética foram aproveitadas pela banda brasileira Kid Abelha, que musicou o poema parnasiano “Via Láctea” (soneto XIII), de Olavo Bilac. Outro famoso caso de transposição poema/música se deu com o poema As pombas, de Raimundo Correia, musicado por Chiquinha Gonzaga, compositora e maestrina carioca nascida no final do século XIX. O soneto de Bilac e a versão musicada pelo grupo Kid Abelha podem ser observados abaixo.

Via Láctea-Soneto XIII

"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso" Eu vou direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muitas vezes desperto
E abro as janelas, pálido de encanto....

E conversamos toda a noite, enquanto
A via láctea, como um páleo aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem quando estão contigo?".

E eu vos direi "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas".


(Olavo Bilac)


Ouvir Estrelas

Direi ouvir estrelas
Certo perdestes o senso
E eu vos direi, no entanto
Que, para ouvi-lás
Muita vez desperto
E abro as janelas,

Pálido de espanto
Enquanto conversamos
Cintila via láctea
Como um pálido aberto
E ao vir do sol,
Saudoso e em pranto
Inda as procuro pelo céu deserto
Que conversas com elas
O que te dizem
Quando estão contigo
Ah... Amai para entendê-las
Ah... Pois só que ama pode ouvir estrelas

(Kid Abelha)

Agora é a sua vez!

Musicar poemas parnasianos

Resposta Comentada:

Embora não haja uma única possibilidade de resposta para a questão,  transponha o poema para a música observando as rimas, a divisão em sílabas poéticas e a ênfase em possíveis recursos sonoros presentes na poesia, como aliterações, assonâncias etc. Talvez seja interessante trabalhar a questão em duplas ou trios, A atividade aqui proposta guarda certa complexidade, mas é fundamental para estimular o espírito criativo. A criatividade é, sem dúvida, um importante ponto a ser observado nessa questão.



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