A
PONTUAÇÃO DE UM TEXTO
Os sinais de pontuação são usados para estruturar as
frases escritas de forma lógica, a fim de que elas tenham significado. A
pontuação é tão importante na linguagem escrita quanto à entonação, os gestos,
as pausas e até o tom de voz, são na linguagem oral. Bem empregados, os sinais
de pontuação são um grande recurso expressivo:
"Oh! que doce era
aquele sonhar...
Quem me veio, ai de mim! Despertar?”(Almeida
Garret)
Mal colocados, no entanto,
eles podem provocar confusão ou até mudar o sentido das frases:
Raquel não me respondeu.
Quando a procurei, já era tarde.
Raquel não me respondeu
quando a procurei. Já era tarde.
Assim, o que é
pontuação?
Pontuação é o recurso que permite expressar na língua escrita um aspecto de matizes rítmicas e melódicas características da língua falada, pelo uso de um conjunto sistematizado de sinais gráficos e
não gráficos.
O que são sinais de
pontuação?
Os
sinais de pontuação são recursos gráficos próprios da linguagem escrita. Embora
não consigam reproduzir toda a riqueza melódica da linguagem oral, eles
estruturam os textos e procuram estabelecer as pausas e as entonações da fala.
Basicamente, têm como finalidade:
1) Assinalar as pausas e as inflexões de
voz (entoação) na leitura;
2) Separar palavras, expressões e orações
que devem ser destacadas;
3) Esclarecer o sentido da frase,
afastando qualquer ambiguidade. Os sinais de pontuação mais comuns, e, que dão
maior clareza e simplicidade ao texto são:
Vírgula,
Ponto e vírgula,
Dois pontos,
Ponto final
Ponto de
interrogação,
Ponto de exclamação,
Reticências,
Parênteses,
Parênteses
Travessão e aspas.
I.
O ponto
O ponto (ou ponto final) é utilizado basicamente no final
de uma frase declarativa:
"Não sou poeta e estou
sem assunto." (Fernando Sabino)
Alguns gramáticos chamam de ponto final, apenas o ponto
que encerra uma sentença. Ao ponto seguido por outras frases chamam de ponto
simples. Além de finalizar um período, o ponto é utilizado em abreviaturas
(ponto abreviativo: etc., h., S. Paulo) e é muito usado quando apenas uma
vírgula bastaria. É um recurso estilístico:
"Viera a trovoada. E,
com ela, o fazendeiro, que o expulsara." (Graciliano Ramos)
Corintianos lotam o estádio.
E rezam
II.
A vírgula
A vírgula, em seus vários usos, é fundamental para a
correta entoação e interpretação da frase escrita. Como simples sinal de pausa,
ela indica um tempo geralmente menor que o do ponto. Todo cuidado, porém, é
pouco para que ela não seja empregada como sinal de pausa em situações
equivocadas. Compare o ponto e a vírgula como sinal de pausa:
Era de noite, as janelas se
fechavam.
Era de noite. As janelas se
fechavam.
O
emprego da vírgula
O uso da vírgula é basicamente regulado pela sintaxe.
Assim, nem toda pausa é marcada por vírgula:
Seus grandes e valorosos serviços em prol da causa
revolucionária de seu país foram tardiamente reconhecidos.
Na leitura em voz alta desse trecho, normalmente faríamos
uma pausa após a palavra país. O uso da vírgula nesse caso, porém, é incorreto
porque estaríamos separando o sujeito do verbo.
Como
usar a vírgula?
Em
enumerações, para separar os elementos que as compõem:
Ex. Machado de Assis foi
contista, romancista, poeta, dramaturgo e crítico literário.
Nosso maior contista,
romancista, poeta, dramaturgo e crítico literário foi Machado de Assis.
(geralmente, o último termo
da enumeração vem separado pela conjunção e)
Em
intercalações, quando palavras ou expressões se interpõem entre o sujeito e o
verbo; entre o verbo e seus complementos (objetos) ou entre verbo e
predicativo:
Os funcionários, a pedido do
diretor, alteraram o horário.
Os funcionários alteraram, a
pedido do diretor, o horário.
Os funcionários estavam, porém,
conscientes de seus direitos.
Atenção:
quando se trata da intercalação de uma expressão curta, pode-se omitir a
vírgula:
Os funcionários alteraram
imediatamente o horário da semana.
As crianças comem brincando
uma lata de sorvete!
Para
separar adjunto adverbial, sempre que ele seja extenso ou quando se quer
destacá-lo:
Depois de inúmeras
tentativas, desistiu.
Escove os dentes, sempre, e
diga adeus às cáries!
Para
isolar o predicativo quando não for antecedido por verbo de ligação:
Furioso, levantou-se.
Para
isolar aposto:
A minha avó, Maria, era
suíça.
Para
isolar o vocativo:
Estamos de férias, pessoal!
Para
marcar elipse do verbo:
Sua palavra é a verdade; a
minha, a lei.
Para
separar orações coordenadas, exceto as iniciadas pela conjunção e:
"Sei que ele andou
falando em castigo, mas ninguém se impressionou."
(José J. Veiga)
"Quis retroceder,
agarrou-se a um armário, cambaleou resistindo ainda e estendeu os braços até a
coluna."
(Lygia Fagundes Telles)
Atenção:
muitas vezes usa-se a vírgula antes de e, principalmente quando liga orações
com sujeitos distintos:
"Agora Fabiano era
vaqueiro, e ninguém o tiraria dali."
(Graciliano Ramos)
Para
dar ênfase, marcando uma pausa maior:
"Disse, e fitou Don'Ana
e sorriu para ela."
(Jorge Amado)
Quando
forma um polissíndeto:
Levanta, e senta, e vira, e
torna a se levantar.
Para
isolar orações adjetivas explicativas:
Minha avó, que era francesa,
não tolerava grosserias.
Para
separar as orações adverbiais e substantivas quando antecedem a oração
principal:
"Quando Maria Elvira se
apanhou de boca bonita, arranjou logo um namorado."
(Manuel Bandeira)
Como Cassiano chegou a
prefeito, ninguém soube.
Atenção:
quando pospostas à oração principal, as orações substantivas, com exceção da
apositiva, não vêm separadas por vírgulas:
Ninguém soube como Cassiano
chegou a prefeito.
As
orações adverbiais pospostas à principal geralmente se separam por vírgula, nem
sempre obrigatória:
A chuva não veio, embora
todos a esperassem.
As
mesmas regras que valem para as orações desenvolvidas valem para as reduzidas:
"Para erguer-se, foi
necessária a ajuda do carcereiro."
(Murilo Rubião)
III.
Ponto-e-vírgula
O ponto-e-vírgula é usado basicamente quando se quer dar
à frase a pausa e a entoação equivalentes ao ponto, mas não se quer encerrar o
período:
"A alma exterior
daquele judeu eram os seus ducados; perdê-los equivalia a morrer." (Machado de Assis)
O
ponto-e-vírgula também é utilizado para separar itens de uma enumeração:
O plano prevê:
a) internações;
b) exames médicos;
c) consultas com médicos
credenciados.
IV.
Dois-pontos
Usam-se os dois-pontos, geralmente:
Para
introduzir uma explicação, um esclarecimento:
"Cada criatura humana
traz duas almas consigo: uma que olha de dentro para fora, outra que olha de
fora para dentro..." (Machado de Assis)
Para
introduzir uma citação ou a fala do personagem:
O avô costuma resmungar:
"Quem sai aos seus, não
degenera...”.
V.
Interrogação e exclamação
O
ponto de interrogação marca o fim de uma frase interrogativa direta:
Quem te deu licença?
a)
Em perguntas diretas.
Ex.: Como você se chama?
b)
Às vezes, juntamente com o ponto de exclamação.
Ex.: - Quem ganhou na
loteria?
- Você.
- Eu?!
O
ponto de exclamação marca o fim de frases optativas, imperativas ou exclamativas (!).
a) Após vocativo.
Ex.: “Parte, Heliel!” (As
violetas de Nossa Senhora- Humberto de Campos).
b) Após imperativo.
Ex.: Cale-se!
c) Após interjeição.
Ex.: Ufa! Ai!
d) Após palavras ou frases
que denotem caráter emocional.
Ex.: Que pena!
Como era lindo o meu país!
VI.
Reticências
As reticências interrompem a frase, marcando uma pausa
longa, com entoação descendente. São usadas basicamente:
a)
indicar dúvidas ou hesitação do falante.
Ex.: Sabe...eu queria te
dizer que...esquece.
"Há um roer ali
perto... Que é que estarão comendo?" (Dionélio Machado)
b)
interrupção de uma frase deixada gramaticalmente incompleta.
Ex.: - Alô! João está?
- Agora não se encontra.
Quem sabe se ligar mais tarde...
c)
ao fim de uma frase gramaticalmente completa com a intenção de sugerir prolongamento
de ideia.
Ex.: “Sua tez, alva e pura
como um foco de algodão, tingia-se nas faces duns longes cor-de-rosa...”
(Cecília- José de Alencar)
d)
indicar supressão de palavra (s) numa frase transcrita.
Ex.: “Quando penso em você
(...) menos a felicidade.” (Canteiros - Raimundo Fagner)
e)
Para sugerir ironia ou malícia:
"— Se ele até deixou a
mulher que tinha, Sinhô.
É um fato. Estou bem
informado... — e ria para João Magalhães, lembrando Margot."
(Jorge Amado)
VII.
Aspas
a) isolar palavras ou expressões que fogem à norma culta, como gírias,
estrangeirismos, palavrões, neologismos, arcaísmos e expressões populares.
Ex.: Maria ganhou um
apaixonado “ósculo” do seu admirador.
A festa na casa de Lúcio
estava “chocante”.
Conversando com meu
superior, dei a ele um “feedback” do serviço a mim requerido.
b)
indicar uma citação textual.
Ex.: “Ia viajar! Viajei.
Trinta e quatro vezes, às pressas, bufando, com todo o sangue na face, desfiz e
refiz a mala”. (O prazer de viajar - Eça de Queirós)
Se,
dentro de um trecho já destacado por aspas, se fizer necessário a utilização de
novas aspas, estas serão simples. (' ')
Então,
as aspas são usadas para assinalar citações textuais e para indicar que um
termo é gíria, estrangeirismo ou que está sendo usado em sentido figurado:
Outros
exemplos: O presidente afirmou em seu discurso: "Toda
corrupção será combatida!"
Minha turma é
"fissurada" nessa música.
VIII.
Travessão e parênteses
Ex.: Na 2ª Guerra Mundial
(1939-1945), ocorreu inúmeras perdas humanas.
"Uma manhã lá no
Cajapió (Joca lembrava-se como se fora na véspera), acordara depois duma grande
tormenta no fim do verão.” (O milagre das chuvas no nordeste- Graça Aranha).
Os
parênteses também podem substituir a vírgula ou o travessão.
São usados para esclarecer o
significado de um termo:
Granada — último refúgio dos
árabes — foi conquistada em 1492.
Granada (último refúgio dos
árabes) foi conquistada em 1492.
Os dois sinais têm basicamente a
mesma função, a diferença entre os dois está na entonação, mais pausada no caso
do travessão, além do caráter estilístico, mais objetivo no caso dos parênteses.
Intercalar
reflexões e comentários à sequência da frase:
Mas agora — pela centésima
vez o pensava — não podia admitir aquelas mesquinharias.
O
travessão também é usado em diálogos para marcar mudança de interlocutor:
"— Peri sente uma
coisa.
— O quê?
— Não ter contas mais
bonitas do que estas para dar-te."
(José de Alencar)
Parágrafo
—
Constitui cada uma das secções de frases de um escritor;
começa por letra maiúscula, um pouco além do ponto em que começam as outras
linhas.
Colchetes
([])
Utilizados na linguagem
científica.
Asterisco
(*)
Empregado para chamar a
atenção do leitor para alguma nota (observação).
Barra
(/)
Aplicada nas abreviações das datas e em
algumas abreviaturas.
Hífen
(−)
Usado para ligar elementos
de palavras compostas e para unir pronomes átonos a verbos (menor do que a
Meia−Risca)
Exemplo: guarda-roupa
Exercícios
1-
De acordo com o enunciado linguístico presente em um anúncio publicitário,
responda ao que se pede:
“Só uma coisa pode convencer
você a trocar seu Guia Brasil: O guia Brasil 2003.”
Atribua
seus conhecimentos ao emprego do sinal de pontuação em evidência justificando o
uso do mesmo.
R- A expressão “O guia
Brasil 2003” retoma à afirmação feita anteriormente. Desta forma, faz-se
necessário o emprego dos dois pontos, por tratar-se de um aposto.
2-
Atente-se para o enunciado abaixo, atribuindo-lhe a devida pontuação:
Charles Darwin coletou
muitos fósseis na viagem naquela época os fósseis eram considerados restos
preservados de animais e vegetais há muito extintos a opinião aceita era que
esses fósseis se formavam após uma grande catástrofe como o dilúvio que
exterminava muitos seres vivos
(PARKER, Steve. Darwin e a evolução.
São Paulo: Scipione, 2002.p.11. Caminhos da Ciência)
R- Charles Darwin coletou
muitos fósseis na viagem, naquela época, os fósseis eram considerados restos
preservados de animais e vegetais, há muito extintos. A opinião aceita era que
esses fósseis se formavam após uma grande catástrofe, como o dilúvio que
exterminava muitos seres vivos.
Fontes
bibliográficas:
http://www.tudosobreconcursos.com/pontuacao
Dominique Nascimento dos
Santos, Nº9, Turma 2003 -CEBS
Nicolly Rosa Cunha, turma 2001,
n° 24 -CEBS
Bruna Castro, n° 05, turma: 2003-
CEBS.
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